Diante do espelho, há pelo menos 10 minutos, procuro uma identidade visual marcante pra fazer valer uma descrição exigida para mediar um evento Literário de grande repercussão.

Quando alguém sugere um resumo de quem você é, não lhe parece ofensivo do ponto de vista da intimidade?

Quem eu sou? Não falo da vida estundantil desde a primeira infância, tampouco dos diplomas conquistados nos somados anos de vida, até porque, na era digital do Tik Tok, adolescentes de 13 anos ganham e fazem mais sucesso, com daninhas robotizadas, do que alguém que, catedraticamente, sentou-se em uma cadeira para somar graduações e especializações.

Nada contra a modernidade, mas conteúdo visual atraente é a onda do momento: "Escreveu não leu o pau comeu!" Ou você nada de acordo com a corrente ou ela te arrasta, sem piedade. Mas, enfim, queria apenas conceituar o "ser" enquanto verbo irregular, que assim como eu, vai alterando o seu radical e terminações, a cada conjugação.

Exigem uma resposta como se falar de si fosse feito executar as necessidades fisiológicas: o corpo avisa e você se entrega ao prazer de respeitá-lo, devidamente (claro que do contrário, em meio à uma crise de dor de barriga, a consequência desastrosa seria vista a olho nu), exigem que se retrate numa imagem capaz de gerar emoção ou, no mínimo, curiosidade, mas e daí?

Quem sou eu ao acordar, contando milimetricamente os passos até o banheiro, para despertar ao toque de uma água gelada dispensada de forma violenta pela torneira do lavabo, lembrando uma espécie de celebração de batismo das religiões cristãs do século passado?

Quem sou eu quando os hormônios resolvem fazer uma convenção (tipo de bruxas) e revelam suas facetas mais perigosas durante o período pré-menstrual, reservado às fêmeas de qualquer espécie? Estrogênio e Progesterona de um lado e do outro a adrenalina e ocitocina (a carente que precisa de afeto) numa rivalidade impossível de ser descrita em palavras. Figuras de linguagem, por favor, venham: Aliteração, assonância, onomatopeia e paronomásia se apresentem, cada uma no seu tempo...

Quem sou eu, na fila do banco, aguardando o atendimento e ouvindo a vida alheia "caindo" de paraquedas "dentro" do meu ouvido, cujo poder de "ausculta" é aumentado em 12% (de acordo com o Dr. Natanael, que diga-se de passagem, afirma que sou um tipo raro, mas posso ficar surda a qualquer momento, dos bônus e dos ônus). Para que? Se o meu maior grito é dado no silêncio?

Quem sou eu quando tiro o lixo da casa e saio feito uma "louca varrida" reclamando do quanto foi produzido em uma semana. Como se o lixo se auto reproduzisse e o "alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado", no caso eu, fosse uma vítima do meio ambiente não sustentável e autossuficiente.

Quem sou eu dando crises de riso, por falta de opção em relação a atitudes em momentos de tensão e ansiedade: na falta de uma luva de box vale a alternativa e, claro, agradecemos a cortesia.

-Rivotril não é pra todo mundo! Então te receito risos frouxos e sem nexo, acompanhados de dor de barriga e frio no umbigo, com uma dose extra de refluxo gastroesofágico. Te vejo na próxima consulta! (Só se for consulta mediúnica, mestre!)

- Que cara é essa? Perguntei-me no espelho. Loucura não?

Como se a vida não fosse complexa por si para responder as perguntas que ora expõe, diante dos meus olhos e, necessitasse urgentemente de um "gás extra" pra dar uma pitadinha de emoção, nesse dia que começou com I de inovação (por permitir a manipulação de ideias tão incomuns capazes de produzir uma sessão de terapia.)

E por falar nisso, será que escrevo? Ou será que uso as palavras como se fossem escravas para libertar as emoções que carrego em meu ventre, sem querer expressá-las abertamente, ou criando pseudopersonagens para carregar o peso da minha bagagem? 

- Já sei! Vou dizer que sou amante da escrita. E pronto!

 

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 25/11/2021
Reeditado em 25/11/2021
Código do texto: T7393669
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