NÓS DOIS
NÓS DOIS
É quase impossível chegarmos aos trinta ou quarenta anos sem que vivamos a coincidência de um dia encontrarmos alguém com o mesmo problema que estamos vivendo, ou seja, digerindo uma decepção daquelas que nos faz pensar que nunca mais nos apaixonaremos outra vez. O pior de tudo é estarmos tão perturbados, que não percebemos que poderia ser o destino que nos põe frente a frente, aumentando assim nossas probabilidades, uma vez que tivemos experiências parecidas e, portanto deveríamos nos entender muito bem.
Após passar alguns dias e a dor de cotovelo, lembramos daquela pessoa que viveu a mesma experiência que a gente, e quando a procuramos, é tarde demais ou ainda não se recuperou do tombo que levou.
Em 1972, aconteceu isso comigo, e sofri em dobro, pois ao mesmo tempo em que eu não entendia porquê estava vivendo tamanha decepção, me perguntava como alguém poderia ser cego o suficiente para fazer uma gata tão linda e com tantas qualidades sofrer.
Nos conhecemos em Araripina-PE, a mesma residia em Fortaleza-CE e eu em São Paulo, e ambos estávamos de férias e só tivemos tempo para lamentarmos nossa sorte.
Quando voltei a São Paulo, comecei pensar como fomos ingênuos, pois poderíamos ter traçado um destino melhor para nossas vidas, e numa tentativa de pelo menos não repetir o erro, compus uma poesia, cuja cópia remeti via correio pára a referida garota em Fortaleza, com esperanças de vê-la usando-a como um estímulo a viver as novas oportunidades que a vida lhe viesse a oferecer e se possível, comigo.
Hoje, quando leio estes versos, sinto que não devemos nos deixar abalar por atitudes mesquinhas vindas de quem não esperamos e mais do que nunca, sei que o amor, mesmo quando o sentimos por quem não merece, maltrata, mas só nos enobrece.