Hollywood com cafezinho
A mulher no antiquário me atendeu com uma voz de peruca – digo, de veludo. Eu não a via. Mas ela me contornava com os olhos – que penetravam na escuridão dos espaço entre as estantes, lotadas de livros, objetos de época etc.
"O que deseja, meu Jovem?"
"Eu?"
"Sim."
"Procuro por um livro antigo. Sobre um evento extraordinário..."
"Seria Viagem ao Centro da Terra", edição em francês, do século XIX?"
"Como adivinhou?"
"Pelo jeito com que Você adentrou esta loja. Tal e qual um espeleólogo o faz. E com um olhar apaixonado de amante de relíquias."
"Essa Senhora sabe das coisas mesmo", pensei comigo.
"Faço o que eu posso, meu Jovem."
"Preciso parar de pensar perto dela. Pois ela capta meus pensamentos."
A gentil Senhora não tinha nenhum poder sobrenatural. Na verdade, para ser mais exato, ela desenvolvera, com o passar das épocas, a capacidade de perceber os tipos de pensamento que a pessoa tinha, conforme ela se portava em determinada situação.