Paracuru, 70 Anos
Hoje, 22 de novembro de 2021, o Paracuru está completando 70 anos de emancipação política definitiva.
Fica difícil falar sobre a história de Paracuru sem citar o trabalho do nosso grande e saudoso radialista historiador Lúcio Damasceno, que em seu livro “PARACURU de Todos Nós”, fruto de um trabalho de pesquisa, realizada em duas décadas, conta sua história desde o tempo das caravelas.
No entanto, vamos fixar nossas observações no século XIX, mais precisamente no Parazinho, onde nasceram duas figuras que entrariam definitivamente para nossa história, estamos falando do Padre João da Rocha, nascido em 10/08/1824, reconhecidamente o fundador do Paracuru que conhecemos hoje e, Antônio Sales, nascido em 13/06/1868, um dos maiores nomes da cultura do nosso Estado.
“A casa onde eu nasci no Parazinho,
Já não existe mais.
Sou do mundo como a ave, cujo ninho
Desmancharam os rudes temporais.
Não somente o meu lar, mas, toda a aldeia
Pousada à beira-mar
Jaz sepultada num lençol de areia
e ali ninguém jamais há de habitar.”
Esse poema intitulado “Ninho desfeito”, de Antônio Sales, foi dedicado a seu irmão Adolfo e retrata o que acontecera com o Parazinho. Ele foi soterrado pelas areias das dunas, motivando a fundação da atual Paracuru, que iniciou pela construção de uma igreja num local mais alto e seguro, sob a coordenação do padre João da Rocha.
Miguel Sales, pai de Antônio Sales, numa de suas constantes vindas a Fortaleza, com o fim de suprir seu comércio, levou de presente ao filho Antônio sales o livro de poesias Primaveras, de Casimiro de Abreu. O menino decorou o livro inteiro e, quando solicitado, despejava os versos em cima dos curiosos. Foi assim que Sales desabrochou para o mundo literário.
Depois disso, veio a cegueira do pai, que desarticulou totalmente a família e, por conta disso tiveram que mudar para Fortaleza. Na capital o menino Antônio Sales, de apenas 14 anos, teve que trabalhar de forma dura num armazém de secos e molhados. Nada disso conseguiu impedir que ele fosse atrás de seus sonhos e, assim emendando um no outro, conseguiu mostrar seu talento, em especial como escritor, sempre com inteligência e um humor refinado.
Antônio Sales tem muito para nos ensinar ainda hoje, suas histórias são bem atuais, na verdade ele sempre esteve à frente de seu tempo. Para ilustrar esse comentário basta saber que ele foi o criador da Padaria Espiritual, onde o objetivo era produzir o Pão do Espirito, que nada mais era do que popularizar a arte e a cultura, no meio de um povo sofrido onde o analfabetismo beirava a casa dos 80% da população.
Paracuru tem a arte no sangue, nas mais variadas expressões; dança, literatura, poesia, música, cultura popular, teatro e muitas outras, são facilmente encontradas em suas localidades.
Abigail Sampaio, nascida no Parazinho, Maria Albuquerque lima, a Diná, Lúcio Damasceno, Ieda Damasceno e um grupo de escritores jovens, que a cada dia vai surgindo na cidade. E tantos outros.
Temos uma mestra da Cultura, ainda viva entre nós, Mariinha da Ló, figura linda que Muito orgulha nosso município e, Flávio Sampaio, uma das figuras que particularmente tenho uma grande admiração, pelo trabalho que ele realizou e ainda realiza, com foco na dança, mas que resvala em toda a cultura do município.
Em fim, Paracuru tem muito o que se orgulhar e, por isso está de parabéns pelos seus 70 anos de emancipação política, sem esquecer dos seus muitos anos de existência.
Quero aproveitar também a oportunidade para informar que iniciaremos hoje a instalação do “Espaço Antônio Sales” que tem por objetivo manter bem viva a memória desse grande filho de Paracuru. Em breve estaremos abertos a visitação pública e, esperamos contribuir para que, pelo menos, o Ninho da memória de Antônio Sales seja refeito!
Parabéns Paracuru!!!