Das Minhas Lembranças 15
Tento lembrar os locais e as datas de alguns eventos, mas a memória nem sempre ajuda. Uma noite no pátio de uma escola na região do Barreiro, em Belo Horizonte, lá pelos idos de 1977/78 aconteceu um evento político em que vários militantes de esquerda se encontravam com o propósito de refletir e fortalecer a luta pela redemocratização do Brasil. O ambiente era mais de confraternização. De repente começou a circular ao pé dos ouvidos dos presentes, a presença de um infiltrado. O ambiente ficou tenso. Alguém me disse para ficar atento a um cidadão suspeito, trajando uma jaqueta jeans, munido de máquina fotográfica. Alguém denunciou no microfone e o suposto agente desapareceu. Até hoje não sei se o tal infiltrado existiu ou se foi fruto da alguma paranoia. De qualquer forma, precisávamos ficar prevenidos, pois era muito comum os agentes da ditadura mapear os passos da militância de esquerda.
Não devemos nos esquecer da chamada "direita explosiva", que em 8 de julho de 1979 praticou um atentado ao jornal Em Tempo. Os atentados ocorriam nas madrugadas e os alvos eram as redações e os pontos de venda dos jornais de esquerda e democráticos: Movimento, Tribuna da Luta Operária, Companheiro, Pasquim e outros. Estes atos terroristas da direita explosiva atingiram profundamente as nossas publicações, pois intimidaram os donos de bancas de revistas e livrarias, que se recusavam a expor e vender os nossos veículos de comunicação.