Quem sou eu sem você?

Mais uma vez olhava o celular. Não havia mensagem, não havia contato, não havia conversa. O silêncio continua no quarto, enquanto o meu peito grita o seu nome. Por mais que eu tente esquecer quem tanto me lembrou o amor, confesso que essa não é uma tarefa fácil.

Algumas de suas roupas ainda continuam em minhas gavetas. Pediu-me para separar, mas ainda não consigo aceitar a sua partida. O coração dói de um modo, que me arranca qualquer alegria. Então, o choro faz morada em mim, no mesmo instante em que você sorri com outra pessoa.

Recordo com tristeza as suas falas de outrora: “- Não quero mais ninguém, moça! Ao seu lado tenho tudo. Estaremos juntos até o fim.” Só que ele não me avisou que o final chegaria a nós em momentos distintos. O sentimento que morreu em seu coração, continua me avivando com teimosia. O que devo fazer? Sinto falta de alguém que decidiu partir e escrever uma nova história. Como controlar a saudade que me arde sem piedade? Diante disso, eu choro… eu lamento… eu sofro.

Percebo a sua ligação e atendo em êxtase: “- Oi. Você está bem?”. E ouço sua voz bonita me dizer: “- Estou bem sim. Posso passar aí mais tarde?” Meus olhos brilharam, minhas pernas tremeram e um frio gostoso na barriga me encontrou. Respondi com pressa: “- Claro que sim. Você…” E fui interrompida: “- Separou minhas roupas, né?” Tentei falar, mas a voz descansou. Perdi o ar. Desliguei.

As lágrimas revelavam o sentimento triste da perda. Sim, eu lhe perdi. Talvez nunca tenha lhe tido. Você estava debruçado em um novo enredo e, eu não podia me martirizar na plateia. […] Preciso agir. Levantei, embora a vontade fosse continuar naqueles lençóis frios, e desuni suas vestes das minhas no guarda-roupa. Após algum tempo, você veio buscar os seus pertences. Ao sair da casa, observei o quanto sou sozinha e vazia. Enquanto estávamos juntos, fui me distanciando de tanta gente e inclusive de mim. Eu me perdi em você.

Caminhei pelo quarto e fixei meu olhar no espelho: “- Afinal de contas, quem sou eu?” Devagar respondi a mim mesma: “- Sou uma mulher forte, incrível e seguirei meu caminho também. Não posso me prender a alguém, que decidiu voar com outra pessoa.”

Lee Vieira
Enviado por Lee Vieira em 20/11/2021
Reeditado em 20/11/2021
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