CHUVAS DAS LONJURAS

Olhando para o céu azul do meu Sul, lá nas lonjuras onde minha visão mal alcança, vejo o tempo se arrepiar, não demora a chuva chega acompanhada de seu amigo vento batendo água na vidraça de forma firme e incessante como que anunciando: “Sou as chuvas que Deus mandou, vim para purificar". Confesso fazia tempo que não via chuvas batendo assim, creio ser realmente as chuvas que Deus mandou, se é para purificar, deixa que molhe. O vento, o chiado das folhas, a batida no vidro, são versos, são prosas, são canto, são encanto, são saudades.

O meu pensamento vagueia a imaginar por onde essas chuvas passaram e em quantas janelas bateram, quantos versos inspiraram, quantos choros de saudades causaram, quantos campos alagaram, quantas plantas salvaram. São elas as chuvas, simplesmente as chuvas, as chuvas da vida, a vida das chuvas.

Que as chuvas me digam que está tudo bem aonde minha visão não chega e só o coração sente. Que as chuvas logo passem e possa sentar-me na varanda e ainda nesse dia apreciar um belo por do sol. Que a noite seja serena e que eu possa ver estrelas a bailar saudades em um compasso de paz anunciando o natal se aproximar.

Que a chuva também não demore a voltar, que tenha sido só um até logo, pois como diz o poeta: “é preciso à chuva para florir".