CONFISSÕES
Somos educados ao receber com um sorriso qualquer pessoa a quem nos for apresentada e ao sermos questionados se “tudo está bem?” – respondemos a pergunta com um “muito bem obrigada!”
Só respondemos por educação, mas lá no íntimo, alguma coisa nos incomoda, mexe com a nossa cabeça, mas não é da conta de ninguém esse rio lodoso que ,às vezes, vivemos.
Ser educado, apenas. As pessoas merecem isso, querem isso, se preocupam em saber isso: se tudo está bem.
Raramente damos resposta contrária.
Raramente nos expomos e dividimos com o outro, o turbilhão de sentimentos, problemas, fracassos e outras coisas pelas quais estamos passando.
Seremos chatos, problemáticos e desagradavelmente uma pessoa que vive de lamúrias.
Não queremos o afastamento, então, mentimos. Mentir, talvez não, ocultar seria o mais adequado. Por que apresentar um rol de tristezas a outra pessoa se ela não poderá ajudar?
Desabafar? Quem nos ouviria em meio ao tumulto de um momento em que estamos sofrendo e precisando de atenção e apoio?
Os amigos? Mas eles saberiam com certeza só no olhar.
Os conhecidos? Eles precisam de mais tempo para perceber a diferença entre um “tudo bem “ levemente com um risco nos lábios.
É difícil falar de coisas internas com qualquer pessoa, mas em algum momento, gostaríamos que alguém pudesse ler nossa mente e puxar o fio solto dos nossos sentimentos.
E puxando, falaríamos sem medos, sem hesitações... só querendo se libertar.