Menos é mais
Quarta-feira de muito sol na minha terra. Vou ao otorrino para tratar do meu zumbido incessante. Olho no espelho e vi que dei uma pequena murchada a qual não diminui meu quadril na mama jeans que decido usar. Odeio ir ao centro da cidade. Muita gente, muita coisa, muita requisição e muita solidão. Primeira crise de ansiedade do dia. Me distrai um podcast sobre dor de amor e acho estranho afinal eu sou casada com a minha primeira dor de amor. Calma gente, sofri mas casei e ele é o amor da minha vida. Tudo certo. Vou em algumas lojinhas e fico pensando no chaveiro de câmera azul tão fofo que vi. Depois vou comprar. Chegando no local mais que lotado onde parece que doenças foram compradas no Grupon. (Lembra?) Me deparo com a segunda crise do dia. Ver gente idosa com olhar perdido me faz ter arritmia e começo discretamente a chorar. Enxugo as lágrimas e vou para a consulta. Na triagem me deparo com a seguinte cena: Eu atravessando um mar de gente com meu fone pendurado e a enfermeira falando que ia me auxilar no meu peso e pressão arterial. Soltei um sonoro: "Precisa disso, moça?" Ela me olha com surpresa e aceita minha recusa. Dentro da minha cabeça tá: Sabe o que é, eu sei que tô gorda mas não quero lidar com isso hoje e até tô me exercitando e vou fazer zumba assim que chegar em casa e quando eu vejo gente em cadeira de rodas lembra do meu pai passando mal e tendo AVC e eu tô querendo sumir nesse exato momento então deixa eu quieta pelo amor de Deus.
Só volto pra cadeira e continuo chorando.
Ainda não entrei na sala da médica. Mas me pergunto por que entrei nessa empreitada.
Nesse exato momento eu estaria tranquila em uma recepção vazia sem ver a luz do sol. Talvez o sol me cure assim que eu sair daqui.
Já até esqueci do zumbido.
Minha ansiedade diminui enquanto escrevo. A cura está em mim e nunca percebi isso. Talvez eu nunca perceba.