Nunca é Tarde Demais!

A revolta, a indignação e a disposição para lutar contra o inimigo eram a característica do nosso povo naqueles dias, pelo menos dos que se mostravam dispostos a lutar contra o regime opressor do poderoso Império Romano.

Para entender tamanha revolta é importante lembrar dos eventos históricos ocorridos na Palestina a partir do ano 722 a.C quando o Império Assírio conquistou o Reino do Norte de Israel invadindo e assumindo o controle da sua capital, a cidade de Samaria.

Em seguida vieram os babilônios que se tornaram também o grande Império da Babilônia ao tempo de Nabucodonozor que, no ano 587 a.C invadiu e destruiu a capital do reino do Sul derrubando as muralhas de Jerusalém e levando para o cativeiro a maior parte da população de Israel permitindo que permanecessem na Palestina, apenas os pobres e miseráveis.

Após setenta anos de cativeiro na Babilônia e a partir do ano 538 a.C agora sob o domínio do Império Persa, a cidade de Jerusalém foi reconstruída e a identidade nacional de Israel foi resgatada para, em seguida, já no ano 333 a.C ser conquistada pelos macedônios sob o comando de Alexandre, o Grande, seguido pelos reis ptolomeus e selêucidas até a conquista  dos romanos através do general Pompeu que anexou a Palestina ao Império Romano em 63 a.C.

Nesse tempo, os romanos permitiram a semi-autonomia da Palestina por causa da resistência dos judeus reconhecendo e mantendo as autoridades judaicas. Não obstante, dominavam o território impondo leis, tributos e normas através do seu poderio militar para estabelecer o que ficou conhecido como a Pax Romana.

Por causa dos pesados encargos de Roma sobre nós, os judeus da Palestina, grupos armados de resistência eram comuns por toda a região e eu, pessoalmente, participei de alguns desses grupos a ponto de tirar a vida de vários dos nossos inimigos e armar ciladas para pilhar, sequestrar e roubar os bens que eram subtraídos pela pesada cobrança de impostos à nossa Nação.

Esta foi a história da minha vida durante vários anos. Na verdade, nem mesmo eu sei como consegui sobreviver às  investidas para matar ou roubar aqueles que nos oprimiam; e quanto mais os anos se passavam, maior era a revolta e a indignação.

Em todo o Império era muito comum a realização de recenseamentos que obrigavam a população a se deslocar até à sua cidade natal para que os romanos avaliassem o crescimento da população e, assim, cobrassem mais impostos da comunidade para manutenção do seu poderoso exército subjugando o povo com o estabelecimento da Pax Romana.

Nessa minha vida proscrita, ouvi falar de um tal Jesus de Nazaré que vivia rodeado de grandes multidões e que percorria toda a Palestina ensinando o povo, curando os seus enfermos e desafiando as autoridades judaicas. Por incrível quanto pareça, eu nunca tinha ouvido ou presenciado um ato sequer de rebelião daquele líder popular contra as hostes romanas.

Em nenhum momento eu presenciei qualquer atitude dele que o incriminasse contra o Império ou contra o Imperador de Roma. Ao contrário, vi com os meus próprios olhos, um centurião romano chorar diante dele por ter sido atendido com a cura maravilhosa de um dos seus servos que,  na verdade,  eram escravos a serviço da autoridade.

Nunca havia me encontrado diretamente com esse Jesus, mas os seus ensinos me deixavam intrigado. Certa vez a multidão ficou tão extasiada e tão impressionada com ele, que o quiseram reconhecer como o novo rei da Palestina. Caso isso realmente acontecesse, viveríamos uma espécie de rebelião civil contra a dinastia de Herodes, aliás, um homem sanguinário, interesseiro, ávido pelo poder, porém, subserviente de Roma.

Jesus se afastou da multidão e retirou-se para um lugar deserto como que dizendo a todos: "O meu reino não é deste mundo", palavras que ele preferiria mais adiante.

Embevecido pelo testemunho de vida daquele Jesus, nem me dei conta de que estava sendo vigiado em todo tempo  até o dia em que os soldados me prenderam e fui entregue às autoridades romanas. Fui abandonado pelas autoridades judaicas que nem se importaram comigo para me defender, mesmo sabendo que eu havia integrado os Zelotes, um grupo de resistência que lutava pela independência do meu povo.

Fui condenado à morte por crucificação  juntamente com outro companheiro de lutas e enquanto aguardávamos o dia fatídico do nosso suplício no Gólgota ou,  Monte da Caveira nas proximidades de Jerusalém, fiquei sabendo que aquele Jesus que vivera fazendo o bem, fora também preso e acusado pelas autoridades judaicas como malfeitor, traidor e sublevador do povo contra o Império Romano.

Tudo mentira! Mas, conseguiram fazer com que Pôncio Pilatos covardemente o sentenciasse à morte na cruz, em nossa companhia!

O dia estava triste e sombrio. Jerusalém estava agitada porque dentro de dois dias os judeus iriam comemorar a Páscoa. Mas a agitação tinha outro motivo e lá estava ele  à frente da multidão carregando a própria cruz  exatamente como nós.  A diferença era que ninguém se importava conosco. Ele atraía a atenção de todos sobre si mesmo.

Chegamos ao Calvário. Os soldados nos amarraram aos braços da cruz e nos levantaram, mas, com ele, impiedosamente cravaram pregos enormes nas suas mãos e nos seus pés para fixá-lo à cruz. Da sua fronte corria-lhe o sangue por terem cravado em sua cabeça uma coroa tecida com espinhos que o machucaram bastante. Todo o seu corpo estava dilacerado por causa dos açoites e quando o levantaram na cruz, ainda escreveram um epitáfio que foi pregado no cimo da cruz que dizia "Jesus Nazareno Rei dos Judeus".

Claro que era uma ironia dos soldados romanos  contra quem ele nunca se rebelara! E talvez por isso mesmo  também, ele tivesse proferido uma das mais sublimes palavras que eu já ouvira de alguém diante da morte. Disse ele: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem."

Nisso, o meu companheiro que também estava pendurado do outro lado, zombando dele disse: "Ora, você não é o Cristo? Desce da cruz, salva-te a ti mesmo e a nós também!"

Mesmo ali na cruz, eu não havia perdido a capacidade de raciocinar e exercer qualquer juízo,  pelo menos não até aquele instante. Por isso, disse:

"Mesmo estando sofrendo a mesma condenação, você ainda não teme a Deus? Nós estamos aqui, porque os nossos atos merecem essa condenação, mas este nenhum mal fez."

E então, voltando-me para Jesus, disse-lhe: "Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino". Ao que ele respondeu com uma palavra de amor e esperança, "Hoje mesmo estarás comigo no paraíso."

Este foi o meu primeiro e único encontro pessoal com Jesus ainda em vida. Logo em seguida ele desfaleceu por causa do tão grande sofrimento e deu o último suspiro, não sem antes gritar no estertor da morte: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito."

A tarde ficou mais sombria. O sol escureceu em pleno meio-dia. As pessoas foram se retirando devagar até não restar mais ninguém a não ser os poucos soldados que permaneceram no local aguardando a minha morte e também a do outro companheiro.

Vi quando um dos soldados se aproximou de Jesus e perfurou um dos seus lados com uma lança ponteaguda para se certificar de que ele estava realmente morto para, não muito tempo depois, chegar até mim e ao outro crucificado e, com um porrete de madeira quebrar-nos as pernas para acelerar a nossa morte.

Evidentemente, nada mais vi ou ouvi, mas, até que tudo isso acontecesse eu tive tempo para avaliar o que tinha sido a minha vida até então, e como aquele único encontro que eu tive com Jesus abriu a minha mente e o meu coração para as realidades espirituais que se encontram muito além do nosso conhecimento humano.

Lutei bravamente por justiça, liberdade e independência durante os melhores anos da minha vida, no entanto  apenas ao final da minha jornada aqui na Terra foi que eu percebi o quão efêmera é a vida sem Jesus.

Nunca ninguém havia me impressionado tão fortemente  como aquele Nazareno que ali estava, ao meu lado, perdoando os seus inimigos e colocando em meu coração a Esperança da Vida Eterna.

Finalmente  eu encontrara o Caminho que conduz à Vida e, por mais contraditório que seja, encontrei esta Vida Eterna no dia da minha morte.

Meu amigo. Continuar essa narrativa no pós-morten seria desafiar as leis da eternidade. No entanto, devo dizer que nunca é tarde para encontrar-se com Jesus, desde que isto aconteça enquanto você está vivo.

A Bíblia afirma que aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo. Este é o momento, enquanto você está lendo esse texto, de reconhecer Jesus como o Messias, o Salvador e Senhor para a sua vida e para o seu coração a fim de ter Esperança e Vida Eterna.

Deus te abençoe!

Pr. Oniel Prado

Primavera de 2021

14/11/2021

Brasília, DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 14/11/2021
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