Humberto, o Irmão X
1. Com a fechação, em Salvador, das duas grandes livrarias - a Saraiva e a Cultura - tive que aprender a comprar livros pela Internet. Nunca houvera nem tentado. Não me arrependi, mas não estou verdadeiramente satisfeito. Viciei-me e aumentei minhas despesas, dada a facilidade da compra de livros. Agora, facilmente, compro livros novos e livros velhos direto do meu gabinete, saboreando um cappuccino servido por Ivone, minha digníssima consorte, que adora ler. Sempre adorou, desde os tempos em que as moças liam M.Delly.
2. Não sei se, nas outras capitais, as livrarias foram sumariamente fechadas. A Saraiva e a Cultura, durante anos alimentaram, e bem, meu incontido desejo de sempre ter bons livros, nas horas vazias. Horas vazias que aumentaram, e muito, quando passei a curtir a dura realidade de uma aposentadoria, mesmo como diziam os romanos, cum dignitate. Com o fechamento, fazer o quê? No primeiro momento, duas coisas: retornar aos Gibis e voltar aos nossos queridos Sebos, aos quais me refiro, com muito respeito.
3. De repente, recorri ao "Mercado livre" e comprei, com uma só clicada, todos os livros do Irmão X, que procurava, fazia muito tempo. Irmão X, para quem não conhece, é o nome do saudoso escritor Humberto de Campos (1886-1934) no mundo dos espíritos. Deixou-nos extraordinária obra literária. Está entre os autores de minha preferência, ao lado de Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Vinicius, Rubem Braga, Josué Montello e Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Conheço um pouco da obra do Mestre de "Sombras que sofrem", "A bacia de Pilatos", "Lagartas e libélulas" etc., etc. O! são muitos e excelentes.
4. Desencarnado, Humberto de Campos, como Irmão X, continuou escrevendo. Teve seus livros escritos no Além psicografados por ninguém menos do que Francisco Cândido Chavier, nosso amado Chico Xavier.
Dos onze livros psicografados que acabo de adquirir, li até o momento "Contos desta e doutra vida", "Crônicas de Além-túmulo" e "Boa Nova". Na fila, esperando sua vez, estão: "Cartas e crônicas", "Estante da vida", "Pontos e contos", "Lázaro redivivo", "Novas mensagens", "Reportagens de Além- túmulo, "No roteiro de Jesus", "Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho", esse bastante elogiado pelos nossos irmãos espíritas. Desculpem se faltou algum.
5. Minha crônica sobre os livros psicografados do Irmão X é para despertar no amigo leitor o gosto por Humberto de Campos, um escritor lamentavelmente esquecido, e que teve uma pena magnífica em tudo que escreveu, em vida e depois da morte.
Para completar, como disse antes,tem Chico Xavier, o médium do Brasil, como o mensageiro de sua obra escrita post-mortem, o que lhe dá autenticidade e beleza.
6. Não é preciso ser espírita para ler a obra psicografada de Humberto de Campos. Ela pode ser perfeitamente lida por pessoas de todos os credos. Mesmo que o Irmão X faça referência elogiosa ao senhor Hippolyte Léon Denizard Rivail, o Allan Kardec, o papa do Espiritismo, nascido na França em 3 de outubro de 1804 e morrendo no dia 31 de março de 1869, em Paris.
Note-se que Allan Kardec nasceu no dia em que a Igreja comemora a morte de São Francisco, 3 de outubro de 1226, em Assis. Há quem garanta que o Poverello seráfico tinha momentos de indiscutíveis surtos mediúnicos... Não garanto.