DE NOVO... OS SONHOS !
DE NOVO... OS SONHOS !
"Toda pessoa sincera é,
antes de tudo, cruel".
(autor ignorado)
Lá vou eu, de novo, falar de sonhos... e ás 2 da madrugada desta quinta-feira de chuvoso novembro. Aqui no Pará já é Inverno, de 35 graus à sombra mais "inverno". Os 3 ou 4 que ainda me leem devem estar cansados desse tema sem graça nem futuro, o SONHO... pois acho-o admirável na construção que faz das coisas que vimos, das que vivemos e do que o cérebro travesso inventa na hora e enfia pelo meio, como um "Chef maluco" dessa nova Culinária supersônica ou coisa parecida.
No sonho -- do qual acordei para rabiscar estas linhas -- há duas partes distintas e entrelaçadas... a primeira em p/b, no dormitório real do Seminário no qual vivi 2 anos extraordinários (pela forma como era Vida nos anos 50/60) e a parte seguinte, em colorido fosco e esquisito, é jogando "vollleyball" na área externa do SMSVP, esporte que nem existia na época, pelo menos em boa parte da Região Sul. Era esporte de praia (foi inventado em 1800 e tantos, nos EUA eu acho), pelo menos eu o conheci dessa forma, no Rio dos anos 70. O cérebro bandido "enfiou" no dormitório, numa parede lateral, um nicho -- em cores esmaecidas -- com várias cadeiras e grande mesa com comidas típicas de um café da manhã paranaense ou, no mínimo, polonês. Há uma "razão malandra" para isso: no início do sonho entra no dormitório um jovem fiscal com um apito, acordando TODOS só para saber porque alguns "não estavam dormindo". (?!) Vários jovens "se escondem" na tal saleta...
Meu motivo para anotá-lo nasceu aí... entre amigos seminaristas que reconheci "mal e mal" estavam duas figuras que só entrariam em minha vida 10 e 21 anos depois de minha intempestiva saída do Seminário Menor em 1966, eu que não tinha a menor vocação "para usar saia", digo, batina. Nada se perdeu, teria sido eu um péssimo padre com certeza !
E chego ao motivo real para escrever de madrugada: a lembrança (a partir do sonho) do romance "O ATENEU", de Raul Pompéia, aparentemente autobiográfico que adorei no Passado e que descreveria a vivência dele num colégio semelhante ao nosso Seminário. Pois ao relê-lo recentemente pouco ou quase nada vi nele, para tê-lo admirado tanto ! E traz em si a marca da "covardia existencial" tão comum aos escritores: transformar suas Vidas (e as alheias) em fábulas, "contos", a disfarçar a realidade neles contida. Nos autores de Belém isso é comum, falo dos consagrados... ninguém ousa ser CRONISTA de seu Tempo ! Fica-nos mais fácil "camuflar" as críticas nos meandros da Ficção. E, quanto ao "O Ateneu", o Autor perdeu tempo em questionamentos filosóficos (?!) que nem cabem no tal romance. Meu conselho é, portanto, NÃO RELER os livros que você admirou um dia, 'pra não cair do cavalo" !
E ontem recebo um elogio de pessoa que admiro há mais de 30 ANOS pela sua luta em prol da Cultura e que tem nome "de sonho"... dona Sônia Lopes ! Gostaria de ter ouvido de um parente o que ela me escreveu, pois escrevo para meus muitos sobrinhos e sobrinhas e os "sobrinhos" vindos deles, seus filhos, melhor dizendo. Mas não se pode ter tudo na Vida !
Logo, minha sugestão a todos é para que escrevam suas memórias, deixem para os seus as lembranças do Passado, a imagem querida de avós e bisavós deles, de como foi tua juventude, o que você fez, onde viveu. E nem precisa ser bem escrito... quem sabe seus "rabiscos" não acabam premiados algum dia, como sucedeu ontem com uma jovem paraense indicada ao "Prêmio JABUTI" por seu livros com fatos de sua Vida -- como Romance, claro -- desde que você não seja sincero demais e decida revelar as "fofocas" venenosas de irmãos, parentes e amigos. Escrevam... sejam francos, porém jamais CRUÉIS !
"NATO" AZEVEDO (em 11/nov. 2021, 3hs)