Transparente

Porque tanto medo de se envolver?

Às vezes me pergunto para onde foi a gostosura da conexão crua, da conversa sem filtro, ou do silêncio acompanhado que conforta, ao invés de incomodar. O olhar profundo e alheio que desnuda a alma em segundos, sentir prazer em se sentir vulnerável, transparente.

Não temo o envolvimento profundo com o outro, embora deva admitir que a partida é dolorosa, temo, sim, a capacidade imaginativa do âmago. São tantas as projeções, anseios, ideias e inseguranças.

As benditas inseguranças…

A dor que consome de dentro para fora, silenciosa. O amor é dor que desatina sem doer, tanto quanto a insegurança, uma linha tênue entre amar e duvidar, a corda bamba das relações.

Apesar da instabilidade que circunda o amor, para mim, me conformo, afinal não há forma fácil de amar.

Sinto falta do arrepio, de sentir o perfume amado, de conversar na ausência de palavras.

Mas, sinto ainda mais falta do amor que nunca tive, aquele temperado ao ponto de não me faltar o sal ou o açúcar.