O SEM-BRAÇO

Conheci dia desses um homem que perdeu o braço esquerdo num acidente de carro.

Devia ter por volta dos 50 anos. Batemos ótimo papo.

Comentei que não poderia imaginar suas dificuldades pra fazer algumas tarefas cotidianas. Respondeu que fazia tudo, sem qualquer esforço extra.

Inclusive quando viajava com a família de carro, ficava na direção, atendendo o pedido de todos, com o carro devidamente adaptado.

Pensei depois nas coisas que não poderia fazer sozinho sem aquele membro. Aqui vão:

- Coçar o lado direito das costas;

- Operar a guilhotina, máquina para cortar papéis, que por medida se segurança só é acionada quando forem apertados dois botões ao mesmo tempo, distantes um do outro;

- Tocar bateria, pois até onde sei, as duas baquetas são utilizadas em conjunto;

- Tocar outros instrumentos musicais, como violão, violino, sax, flauta, acordeon e por aí vai;

- Caçar animais com rifle, pois a falta de um braço dificultaria a firmeza na mira;

- Fazer o papel do Cristo crucificado numa representação teatral;

- Escalar o Everest, que já é tarefa quase impossível pra quem tem os dois braços.

Certamente devem ter outras situações impossíveis de serem executadas sem os 2 braços, que agradeço se forem mencionadas.

E antes que me atirem pedras por causa do título politicamente incorreto e depreciativo, perguntei pra ele se tinha passado na vida por situações de constrangimento devido à sua deficiência.

Sorrindo respondeu que nunca aconteceu, inclusive tinha um grande amigo de longa data que o chama de Sem-Braço e ele leva na boa, sem ficar chateado.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/11/2021
Código do texto: T7382993
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