Ser sozinho ou estar sozinho?
Ser sozinho ou estar sozinho?
Um pequeno questionamento que acaba se tornando um paradoxo. Vai além da simplicidade das palavras, atingindo o estado do sujeito, a essência do ser, da maneira como vive, se aceita e se sente.
“- Ora! Mas como pode ser tão profundo?”. Vejam bem. Quando se é sozinho, é questão de escolher não depender sentimentalmente, emocionalmente, financeiramente, e todos os outros “mente”, de absolutamente ninguém, mas não quer dizer que não tenha companhia. Ser sozinho é se enxergar livre, solto, disposto a ter companhias, mas sem vínculos necessários, sem sua vida estar atrelada a qualquer outra, e ser feliz assim, se aceitar assim. Ser sozinho é a essência do sujeito, não estado, não momento. Em contrapartida, estar sozinho é angustiante, deprimente, desolador. É ter um barco furado, um pente sem dentes, um televisor sem antena. Você ter alguém e ainda assim estar sozinho é uma das piores situações que se pode sentir. É um estado acompanhado de um sentimento, ou de vários sentimento. A falta de reciprocidade, a falta de interesse, a presença simbólica. É o “bom dia” encaminhado a todos do WhatsApp, sem nenhum sentimento. Estar sozinho é ter presença, mas sem calor. Como é ruim estar sozinho. Ninguém escolhe estar sozinho. NINGUÉM!
Quem é sozinho não tem com o que se preocupar, com quem se importar, não tem expectativas. Quem está sozinho vive de ilusões próprias, de expectativas não realizadas, de esperanças frustradas. Em suma, ser sozinho é fruto de uma escolha estritamente pessoal, enquanto estar sozinho é fruto de uma escolha conjunta, porém totalmente desacordada, sem qualquer segurança ou cumplicidade. Ser sozinho é como ser autônomo, assumir seus compromissos consigo mesmo, enquanto estar sozinho é trabalhar numa empresa que você sequer sabe se vai ou não receber seu salário.
Eu fui sozinho e feliz, e é isso que voltarei a ser.
Walter Vieira da Rocha
09 de novembro de 2021, às 22h50min