Ladra por um descuido
Era véspera de Natal. Comercio lotado. Vai e vem de pessoas para todos os lados.
Sempre têm aquelas que deixam para comprar alguma coisa de última hora, principalmente os itens
da ceia do natal. Esses são os campeões em nos causar dor de cabeça.
Em meio aquela correia estava eu caminhando em direção ao supermercado, justamente
para comprar alguns produtos que faltavam para a ceia.
Supermercado superlotado. Filas intermináveis. Não tive outra opção, senão encarar aquele
alvoroço. Olhei a minha lista, lancei a mão numa cesta e sair, esbarrando em algumas pessoas,
desviando de outras. Foi assim, até encontrar tudo que estava procurando. Ao me direcionar ao
caixa, avistei uma tábua de corte, em plástico, lembrei que estava precisando de uma em casa e
decidir levá-la.
Minha cesta já estava cheia. Então, peguei- a e coloquei-a debaixo do meu braço
esquerdo. Procurei a fila menor possível para efetuar o pagamento. Depois de muito tempo de
espera fui atendida, peguei as compras e sair.
Chegando em casa, deixei as sacolas no canto da cozinha. Porém, algo me incomodou. Quando
olhei a tábua ainda estava ali, aconchegada na minha axila, sufocada de suor. Um pensamento me
veio logo a cabeça. Eu não paguei essa tábua.
Rapidamente retornei ao supermercado. Mas, durante o percurso minha mente entrou em
devaneio: “ e se a polícia já estivesse lá me esperando. Como iria explicar que esqueci de
pagar. Que não tive intenção de furtar. Será que iriam acreditar?” Vocês sabem que a nossa
mente tem o poder de criar coisas inimagináveis. E que alguns pensamentos intrusos surgem e
nos leva para outras dimensões.
Na rua, tive a sensação que todos sabiam do que tinha acontecido. Cada pessoa que me
olhava sentia um olhar de acusação. Me sentir envergonhada.
Chegando no supermercado. Tudo normal. As inquietações era tudo fruto da minha imaginação.
Então, demorei mais um tempo aguardando na fila para pagar a bendita tábua. Agora ela era
oficialmente minha. Voltei para casa com a cabeça leve como uma pluma. Tive certeza de uma
coisa, que não existe sensação melhor que a consciência tranquila.