Ladra por um descuido

Era véspera de Natal. Comercio lotado. Vai e vem de pessoas para todos os lados.

Sempre têm aquelas que deixam para comprar alguma coisa de última hora, principalmente os itens

da ceia do natal. Esses são os campeões em nos causar dor de cabeça.

Em meio aquela correia estava eu caminhando em direção ao supermercado, justamente

para comprar alguns produtos que faltavam para a ceia.

Supermercado superlotado. Filas intermináveis. Não tive outra opção, senão encarar aquele

alvoroço. Olhei a minha lista, lancei a mão numa cesta e sair, esbarrando em algumas pessoas,

desviando de outras. Foi assim, até encontrar tudo que estava procurando. Ao me direcionar ao

caixa, avistei uma tábua de corte, em plástico, lembrei que estava precisando de uma em casa e

decidir levá-la.

Minha cesta já estava cheia. Então, peguei- a e coloquei-a debaixo do meu braço

esquerdo. Procurei a fila menor possível para efetuar o pagamento. Depois de muito tempo de

espera fui atendida, peguei as compras e sair.

Chegando em casa, deixei as sacolas no canto da cozinha. Porém, algo me incomodou. Quando

olhei a tábua ainda estava ali, aconchegada na minha axila, sufocada de suor. Um pensamento me

veio logo a cabeça. Eu não paguei essa tábua.

Rapidamente retornei ao supermercado. Mas, durante o percurso minha mente entrou em

devaneio: “ e se a polícia já estivesse lá me esperando. Como iria explicar que esqueci de

pagar. Que não tive intenção de furtar. Será que iriam acreditar?” Vocês sabem que a nossa

mente tem o poder de criar coisas inimagináveis. E que alguns pensamentos intrusos surgem e

nos leva para outras dimensões.

Na rua, tive a sensação que todos sabiam do que tinha acontecido. Cada pessoa que me

olhava sentia um olhar de acusação. Me sentir envergonhada.

Chegando no supermercado. Tudo normal. As inquietações era tudo fruto da minha imaginação.

Então, demorei mais um tempo aguardando na fila para pagar a bendita tábua. Agora ela era

oficialmente minha. Voltei para casa com a cabeça leve como uma pluma. Tive certeza de uma

coisa, que não existe sensação melhor que a consciência tranquila.

Andréia Rosa
Enviado por Andréia Rosa em 09/11/2021
Reeditado em 09/11/2021
Código do texto: T7382271
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