FERIADO POR QUÊ? E SÓ CRITICAMOS POLÍTICOS?
Eu continuo acreditando que a maioria dos brasileiros são trabalhadores, honestos, criativos e virtuosos. Mas também há uma parcela muito grande de folgazões, que adoram feriado, sem sequer saber o que a data comemora. Existem muitos que, nesses dias, trabalham até dobrado (policiais, especialmente rodoviários, bombeiros, comerciantes, plantonistas de hospitais, etc.), porém há muitos irresponsáveis que, às vezes, gastam numa viagem o dinheiro do aluguel de sua moradia, da alimentação básica ou medicação de sua prole e de outras obrigações.
Tem gente tão cara de pau que emenda dois feriados e ao retornar, nos dias seguintes já está participando de algum protesto ou greve, reivindicando melhores salários, redução de carga horária, etc. Já entre políticos temos aqueles que se dedicam dioturnamente a dar o melhor de si para cumprir sua missão, enquanto muitos não precisam nem de feriado ou fim de semana para se ausentarem e faltar com seus deveres.
Mas o que mais me entristece é ver que, por mero abandono da educação e da cultura, cada vez mais cidadãos alienados da nossa história e nossa realidade comemoram, erradamente, feriados, sem saber o significado das respectivas datas.
Hoje comemoramos a proclamação “provisória” da república, como se o fato tivesse sido um grande benefício para o povo brasileiro, um gesto de implantação da democracia (será que foi?). Na verdade naquele dia 15 de novembro de 1.889, o que ocorreu foi um golpe militar apoiado pelos poderosos barões do café (verdadeira elite), porque o imperador D. Pedro II sempre viu com simpatia a abolição da escravatura e tudo que beneficiava os mais necessitados, fato que desagradava os poderosos. O pior é que, recentemente, um grupo de racistas criou o “dia da consciência negra” (mais um feriado), fomentando a diferença e separação de etnias ou raças, ou invés de incentivarem a igualdade. Sim, porque qualquer atitude que estimule a discriminação entre classes sociais, raças e até religiões (como cotas em faculdades), são um retrocesso que prejudica a união e a igualdade entre seres humanos. Já para os amantes dos feriadões eu sugiro que usem a criatividade e, se quiserem podem criar o dia da supremacia oriental, da comunidade italiana, espanhola e assim por diante.
Outra coisa triste é observar, além da ignorância do significado das datas comemorativas, que a maioria só pensa no passeio, nos churrascos, nas baladas, nas trocas de presentes (caso do Natal) e mesmo em datas e eventos de cunho religioso, não se reservam algumas horas para recolhimento e meditação. Talvez eu esteja errado, antiquado, desligado da realidade, mas confesso minha dificuldade em aceitar até religiosos promovendo festas, trios-elétricos e outras campanhas em dias de respeito aos fatos que dão origem a determinados feriados.
Mas, otimista, espero que o tempo não nos transforme em um povo alienado e não enterre a nossa verdadeira história!
SP. 15/11/07
Fernando Alberto Salinas Couto