Na Terra do Senhor de Engenho
Entre as seis cidades alagoanas por onde passei, no exercício da minha atividade profissional, uma delas foi Porto Calvo, na região canavieira.
Ali vivi, senti, testemunhei, o que Gilberto Freyre retratou em sua obra Casa-Grande & Senzala. A cultura do senhor de engenho ainda ali predominava, à época em que ali morei. Pelo trabalho que ali desempenhava, e pelo bom relacionamento com a clientela, era convidado para visitar "seu engenho", nos finais de semana. De início, imaginava que ia encontrar "um engenho de açúcar." Lá chegando, nada de engenho, apenas o plantio de cana-de-açúcar, que eles forneciam para as Usinas, não mais Engenho, pela evolução da industrialização. O termo engenho era adotado para denominar suas propriedades, onde antigamente cada um tinha o seu engenho.
Também prevalecia a cultura machista, em que o homem achava normal ter uma segunda mulher, uma delas na cidade e outra no engenho.
Já depois que saí daquela cidade, uma escândalo de repercussão nacional, envolvendo padre, promotor e fazendeiro, ou senhor de engenho, exatamente por questão de mulheres. Até o Fantástico esteve lá e, desacanhadamente, o fazendeiro, todo risonho, em sua entrevista, disse: "É, eu não vou mentir, eu gosto mesmo de mulher."
Entre outras famas, uma delas é esta, na Terra de Calabar.