Crônica de um Brasileiro

Estava eu, lendo o livro, O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro, quando veio a notícia da morte da compositora e cantora Marília Mendonça. Ao tempo que, frechei o livro e comecei a meditar: lembrei-me dos capítulos do livro, em que estavam os textos referentes a formação inicial do povo brasileiro, e fui evoluindo meus pensamentos. Instintivamente liguei uma coisa à outra: Os primeiros humanos, naturalmente brasileiros, foram os brasindios, mestiços de índios e branco que viviam como órfãos de suas referências, ou seja, não eram índios como a mãe e tão pouco portugueses que, apenas emprestaram seus sêmens gerando os mestiços, filhos de ninguém. Mas, como nascidos na terra descoberta, tinha que ter pelo menos a referencia do lugar e assim sendo, os mestiços formaram os primeiros brasileiros. Foram jogados na terra, seme-escravizados, com a missão histórica de conseguir para o futuro uma identidade étnica, nacional e cultural.

É incrível que com o passar de séculos, enxergo hoje, essa necessidade de afirmação cultural, de mamelucos que somos após passar tanto tempo. Como povos do interior do Brasil, ainda somos do sol a sol, semiletrados, mas fortes e guerreiros. Essa, é a grande maioria de nossa gente que se apega aos movimentos humanos de toda a natureza.

Visto que, a cantora Marília Mendonça mexeu com os sentimentos femininos e elevou a mulher para patamar mais alto ela se tornou referência entre elas. Mas, não é só isso que ela representa: como uma célula da cadeia humana, que foi desfalcada agora, Marília é uma representante desse povo mestiço lá do início que através dos tempos, até hoje nos falta, parte dessa identidade.

Lutar para ser feliz é nossa meta, para isso temos que nos juntar inconscientemente, no nosso caso, a sentimentos de brasilidade: Marília Mendonça cooptou a massa através da música, que nos sensibiliza e mostra a cultura, genuína brasileira.

É na sofrência que fomos gerados, ela faz parte de nossa cultura e Marília é hoje, a referência. Desde os primeiros compatriotas a este nosso povo que luta, sofre, mas, corre atrás de seus êxitos tenho que me render, é assim que somos.

Por ser assim, hoje choramos por você, Marília...

Sergio Cunha
Enviado por Sergio Cunha em 06/11/2021
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