Chuva finados
Chuva fina de finados.
Agora chovendo, aqui em Paris, céu chorão, aquela mansa que não é de pancada rápida, mas de pingos lentos e barulhos tenuos , sons de calmaria que se arrastam e se transformam-se em pequeninas correntezas das ruas e ladeiras da nossa "parisidinha" e desliza-se o dia todo.
O céu está sem passarinhos, e gaiolinhas verdinhas, cá estão paradinhas, penduradas nos fios, e troncos metálicos.
À espera de romeiro.
Lá de cima caem pingos lavando soleiras, mármores, túmulos e trazendo saudades.
Velas. E velo.
Lembrei-me de outras chuvas de dia branco dos brancos barquinhos de folhas papéis caderno com nomes, que lançamos do nosso cais juvenis, à própria sorte nas enxurradas, e hoje sabemos onde muitos chegaram, e não além da esquina, quiçá na praça, mas
outros foram tão longe... Aprenderam até voar, sorrir.
E alguns nunca mais votarão...
Nos resta.
Ficar com às insistentes saudades além das janelas e ver às chuvas, por vezes até sonhar a volta de um belo arco íris para findar essa crônica confusa, e
chorona feito eu...
Vai acender velas?
Vela. Vela. Vela .Vela
Eu fiquei sem ela...