A Chegada da Caixa Postal
Na época que chequei na Caixa Postal, todo mundo entre a marujada comentava que era um canto em que por qualquer deslize se respondia a uma sindicância. Quando o meu amigo de navio o Leandro, conhecido na época de embarque obrigatório como ponderador, desembarcou para lá ficou logo sabendo numa conversa com o segundo-tenente alfa / alfa Gabriel, chefe do setor que poderia ir para a Prefeitura. Demonstrou o seu desejo, mas não foi atendido.
- Mas porque você não quer ficar aqui? É um local que você terá seu fim de semana garantido, não dará serviço. Para quem está estudando é um ótimo local – disse assim mesmo o oficial, sem entender porque já era o quinto marinheiro que recusava naquela tarde ficar no setor onde comandava.
- Vou ser sincero, tenente! Todos me falam que aqui para o conceito cair é daqui pra ali, por conta das sindicâncias instauradas no setor. Eu acabei de sair do navio com conceito cinco e olha que eu pequei um capitão-tenente volta de Nelson, primeiro lugar em sua turma da Escola Naval. Eu não gostaria de ver por conta de uma coisinha à toa, ver meu conceito cair. Não me leve a mal, mas me mande para a Prefeitura. Acho que lá será melhor pra mim.
- Quer me dizer, marinheiro que você quer escolher o local onde quer trabalhar? É isso que estou escutando?
- É sim, senhor! – respondeu o Leandro à pergunta do alfa / alfa.
- Pois, saiba que agora quem quer que você fique sou eu. Está entendendo? – olhando fixamente para meu colega.
- Sim, senhor! Este poder de decisão é todo seu. Cabe a mim acatá-lo
- Pois então, pegue seu jaleco e comece agora mesmo, seu insolente, alterando o tom de voz.