GAROTO DO MORRO
Numa manhã de segunda-feira, indo à escola, passando na frente daquela casa, escutei pela primeira vez a música que dizia tudo sobre meu contexto de vida. Era o ano de 1999, e mal sabia eu, o que vinha pela frente.
Dias depois, assistindo clipes musicais na Tv de imagem preto e branco, descobri o nome: "Minha Alma," da banda carioca "O Rappa".
Passaram-se 22 anos, e aquela letra que falava sobre a realidade das famílias das grandes cidades, da violência urbana, da vida sofrida das pessoas do morro; hoje retrata a situação muito mais grave: violência, fome, descaso e desespero.
Naquele final de década, os anseios da população eram pontuais: erradicar a fome, melhorar da educação e criar intrumentos que ajudassem a baixar os índices de assassinatos nas capitais brasileiras. Ações que dependiam apenas da boa vontade dos governantes!
Mas agora, na vida adulta, o medo aumentou, porque o caos tomou conta, e a banalização da vida humana, está como se estivessemos voltado a idade das cavernas. Gravíssimo!
A aldeia Ipatse, dos kuikuros, dá uma lição sobre planejamento, precaução e consciência. Contrariando a tanatofolia e a misantropia de alguns infames, que insistem em coisificar o sofrimento alheio.
Resta concordar dizendo, que "os índios como sociedade, tem muitos mais a nos ensinar do que nós a eles."
E as letras das músicas bem elaboradas de outrora, continuam atuais, despertando os pesadelos do passado, abrindo ciclos que pensou-se ter chegado ao fim. "E agora, José?"
Carlos Alberto Barbosa.
In: Patriotice aloprada.Século, XXI.