O Sarcasmo do Relator da CPI
Numa decisão extrema do senador Alessandro Vieira, de Sergipe, que reivindicou a inclusão do colega Luís Carlos Heinze, do Rio Grande do Sul, na condição de indiciado, o relator Renan Calheiros, de Alagoas, em vez de lamentar o fato, ainda desdenhou do colega: "vou lhe dar um presente, incluindo seu nome como octagésimo primeiro indiciado".
Apesar de inúmeros apelos de outros senadores para a exclusão do nome do colega, Presidente e Relator, insensíveis, não lhes deram ouvido. Após um intervalo, quando o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, chegou a dizer que houve excesso, o próprio autor do pedido resolveu voltar atrás, mas a ironia ainda foi maior: "não se deve gastar vela boa com defunto ruim."
Se tamanho desrespeito é atribuído a um colega, imagine o que passou com tantos depoentes. Não custa lembrar que um deles foi comparado com o personagem Fabiano, de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, para retratar a sua covardia. Outro foi comparado com o personagem Chicó, do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, para atribuir-lhe a pecha de mentiroso.
Diante de tanto sarcasmo, desdém, ironia, até com os próprios colegas, fica explicado por que tanta flechada no Presidente da República: dor de cotovelo, por não ter a sua popularidade manifestada pelos movimentos de rua.