O BONITO FEIO (BVIW)
Não são os conselhos de pai e mãe ou professores, as experiências da vida ensinam muito mais do adquirido em casa ou sala de aula. Aquela idosa humilde com a receita médica em mãos, tocou meu coração inocente, quase me fez cair nas artimanhas dos cabelos alvos e da pele enrugada. No caso, brancos da malandragem, da arte de se aproveitar da idade, e da falsa fragilidade para dar prejuízo. Fui salva por quem a conhecia de longa estrada:
- Não faça isso! Essa criatura tem mais dinheiro que nós duas juntas! Possui casa própria e vários imóveis alugados. Uma trambiqueira! A vida toda se dando bem com suas mentiras. Revoltante!
Naquele momento foi como se o meu mundo de conto-de-fadas tivesse se desfeito, e me vi no real nada romanesco. O fato é, a gente pensa que todo mundo age do mesmo jeito da gente. Se uma pessoa é honesta, então imagina que todos também são. Se é pilantra, julga que as pessoas são como ela.
Aprendi com a vida a não mais ver indivíduos como espelho. Os outros não refletem aquilo que sou. Ando mais seleta e menos crédula, não me deixando cair na conversa mole ou pela aparência indefesa. Hoje sei, o covarde se faz de vítima. O hipócrita usa a Palavra de Deus para benefício próprio. O mentiroso dissemina discórdia. Enfim, o bonito pode ocultar o feio. E o inocente, uma mente impostora.