Despedida

Faz uma semana que morri para meus colegas. Exatamente uma semana. Levantei da minha mesa, fui até a diretoria e disse: Quero ir embora. E fui.

Foi como se eu estivesse dopada, como se eu não sentisse meus braços, passos e movimentação. Não enxergava direito, o peso da responsabilidade que me confrontava era tanto que eu não conseguia medir. Será que é assim que uma mulher que vê o positivo no teste de gravidez se sente? Não sei, pois ali significa vida e pra mim o que eu estava sentindo era perto da morte. Sem exagero.

Morria ali a Teia sem graça com graça, morria ali uma pessoa que aguentou o quanto pôde ou não aguentou quase nada. Todos boquiabertos, igual quando uma noiva diz não na sua alta castidade.

Fui embora, morri. Nunca me senti tão viva.

Não, isso aqui não é um texto de coaching, falando que é legal fazer as coisas por impulso e depois lutar como leão, ter visão e seguir sonhos. Eu fiz a maior merda da minha vida. Com 15 milhões de desempregados, quis me juntar nesse clube privado.

Quis sentir a alegria de não ter pra onde ir. De ter (com muita sorte) ovo no prato.

Mas eu estava cansada.

Cansei.

O mais duro de tudo, foi ver que quem gostava de mim, me amava. Quem fingia, me odiava. E há quem nem soubesse da minha existência.

Morri.

Foi estranho morrer, de certa forma acordei. Acordei pra me mexer, pra me mover. Vou chorar e sorrir muito ainda. Rasgar aquilo que fui não foi e não será fácil.

Me despedi, sem despedida.

É preciso coragem pra viver e mais ainda pra morrer. Como disse Cazuza uma vez: Morrer não dói.

Agora é a vida que vai me levantar.

Têia Agridoce
Enviado por Têia Agridoce em 26/10/2021
Código do texto: T7371926
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