COMISSÃO PARLAMENTAR

O maestro da orquestra de Passau, diziam sê-lo, o melhor que o mundo já viu. Antes e depois dele, não existiria outro igual. Alguns concordavam com essa afirmação, porque, queriam fazê-lo um deus; outros, simplismente, por considerá-lo extraordinário.

Acontece que esse maestro, nada sabia sobre música. Na verdade, os seus admiradores, não passavam de falsários; meras figuras fictícias. Esses sujeitos, vestidos em traje de gala, roupa impecável; óculos, lentes transparentes; sapatos brilhantes, eram assessórios na orquestra.

Todas as vezes que o dono, pegava na batuta; eles em pé, dançavam desengonçados; sem ritmo. Ao invés de tocar os instrumentos, simulavam. Dançavam fora do ritmo da partitura. A impecável canção, tornava-se uma tragédia rítmica dissonante; num tom muito abaixo da nota primária.

Esses quatro personagens, personificados em esqueletos humanos, atendiam pela alcunha que o maestro os batizou: Cupim, Filária, Micuin e Clostridium. O que mais sabiam de verdade, aprenderam sem aula nenhuma: mentir. --Nesse quesito eram autodidatas!

Chateados, outros indivíduos dos mesmos reinos, resolveram criar uma CPI para apurar tantas mentiras contadas. No dia marcado da reunião: o Cupim, o Filária, o Micuim e o Clostridium; estavam lá, sentados nas cadeiras enveludadas, naquela sala de interrogatório, olhando cinicamente para o público presente.

Surprendentemente, o que era para terminar em noventa dias; durou apenas  noventa segundos, depois da primeira pergunta feita ao Cupim. Os interrogadores concluiram que, se continuassem com a sessão de perguntas; os quatro personagens, os falsários, iam continuar mentindo, por acreditarem serem eternos, dentro do conjunto da obra. Justamente para proteger o besouro: o Coprófago, o maestro.

E a CPI foi desfeita no mesmo dia, porque, nada ia adiantar. E até hoje, os falsários continuam mentindo, protegendo o Coprófago. Já os sujeitos perguntadores, daqueles reinos, resolveram ir embora com a cara pálida; ficaram quietos. Eram das mesmas espécies.

Carlos A. Barbosa.

Carlos Alberto Barbosa
Enviado por Carlos Alberto Barbosa em 25/10/2021
Reeditado em 27/10/2021
Código do texto: T7371210
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