SE NÃO FOSSEM OS POETAS

Com visão como de águia, conseguem ver com límpida visão vendo de cima, com clareza sua inescapável presa. Nós somos a presa destas águias que não nos assustam e nem matam, são elas os nossos poetas. Eles são capazes de nos fazer ver o quase invisível, ou pelo menos o perceptível, do grão de mostarda a pequenina formiga, deles trazendo inspiração e vida. São capazes de alimentar o nosso imaginário, nos conduzindo pelo caminho sensível do sentimento de paz, fazendo enxergar a nossa pequenez, e ao mesmo tempo nos elevando aos paramos celestiais. Se não fossem os poetas, por certo seríamos, mais racionais e brutos crendo que em tudo somos capazes, como se a tudo conhecêssemos e nada houvesse que nos atraísse para uma vida de paz e alegria. Os poetas desenham colorido, constroem figuras antes não percebidas tão perto de nós, como lentes que transformam minúsculos seres, agigantando a nossa imaginação. Se não fossem os poetas, como entenderíamos o amor, a verdade acerca do mundo em que vivemos – perceber o perfume das flores, a candura de cada espécie de rara beleza. Nem mesmo Salomão com tão grande sabedoria conteve sua sensível alma de poeta: “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.” (Cânticos dos Cânticos 1.1). Numa descrição enamorada, enaltecendo o amor e o romantismo entre os que se amam. Salomão elencou personagens fictícias para ensinar a verdade do amor de Deus por seu povo. As cenas também retratam as alegrias do amor no noivado e no casamento, contrabalançando tanto os extremos do asceticismo quanto da luxúria. O momento apropriado do amor físico, exclusivamente dentro do casamento, é honrado e demonstrado de maneira clara. Para quem acompanha as produções literárias que são oferecidas gratuitamente pela Editora Recanto das Letras, lá pode encontrar uma gama de poetas que se predispõe em nos inspirar com tanta beleza. Vez por outras, recebemos flashs de poetas desconhecidos, até mesmo aqueles de rua, após ouvir suas prédicas, as vezes perguntamos: como conseguem, levar a vida de modo tão distante da nossa aparente realidade; como conseguem traduzir sofrimentos em poesia, quando abdicados de nosso mundo aparentemente normal. Brutos somos nós, quando não mesmo nos cedemos em ouvir, ler, valorizar o que produzem de forma tão desinibida e descomprometida. Mais que filósofos, ou até mesmo o sendo, uma vez que trazem mensagem que dão sentido à vida, nos inspirando a ser mais sensível ao bem exposto à nossa frente – a natureza, as pessoas, o amor que tanto bem nos faz. Há se não fossem os poetas!

24-10-2021