Quanto vale a sua fortuna?
Você já parou para pensar ao menos uma vez na vida, sobre a importância de se ter bastante dinheiro?
Não! Não me refiro a simplesmente não ter problemas financeiros. Muito além disso, refiro-me a ter o mundo aos pés por causa da riqueza, dos bens, da influência e, por que não, do poder.
Afinal de contas, segundo dizem por aí, "toda pessoa tem um preço!"
Com dinheiro na mão é possível comprar coisas materiais, mas também o dinheiro pode comprar coisas imateriais. Comprar uma propriedade, ou comprar o silêncio de alguém para ocultar uma ação reprovável, por exemplo. Qual a diferença entre ambos?
Comprar, a custo baixo, a mão-de-obra escrava de alguém ou comprar a consciência de outrem para torná-lo seu escravo. Qual a diferença entre uma coisa e outra?
Descobri, ainda muito jovem, que "ser rico" é sinônimo de poder, de influência, e não apenas de bem-estar social. É claro que todos os meus bens não foram adquiridos apenas com o meu trabalho, pois muita coisa eu recebi como herança da minha família. Mas é daí? Com a morte dos meus pais eu não seria dono de tudo mesmo, conforme a Lei de Moisés?
Confesso que nunca precisei me preocupar com o que haveria de comer no dia seguinte. Por causa do meu dinheiro, eu possuía servos que se ocupavam dessas coisas, e se algum deles não cumprisse a sua tarefa de me proporcionar o necessário para o dia-a-dia, eu simplesmente o descartava vendendo-o no mercado de escravos ou colocando-o para trabalhar nos serviços mais pesados em alguma das minhas propriedades e, ato contínuo, contratava outro servo que correspondesse, com o seu trabalho, ao valor pago por ele.
Embora soubesse dos benefícios e dos privilégios que a riqueza me proporcionava, dentro de mim, no meu coração havia um vazio que o dinheiro não conseguia preencher. E bem por causa disso procurei o líder religioso da minha cidade para me aconselhar com ele.
Fiz isso muitas vezes, e em todas elas eu sempre deixei nas mãos dele uma contribuição financeira expressiva, como se fosse uma espécie de compensação pelo fato de eu ter a minha consciência anestesiada com as oferendas entregues para serem sacrificadas de acordo com o cerimonial exigido pela Lei.
Procurava obedecer a todos os ensinamentos propostos pela Lei de Moisés, principalmente aqueles que, segundo a minha compreensão me permitiam ficar em paz com o deus da minha religião, como "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo".
Ora, assim pensava eu, o que eu tinha a perder diante das obrigações cerimoniais impostas sobre mim pela religião? Se eu tinha dinheiro suficiente para demonstrar amor ao deus da minha religião fazendo concessões aos pobres, então era assim que eu iria comprar o favor divino.
Como eu disse ao início, o dinheiro pode, aparentemente, comprar tudo, até mesmo fazer calar a própria consciência egoísta, vaidosa e muitas vezes, corrupta.
Nada disso, entretanto, tirava de mim aquela sensação de estar com um vazio no peito. E assim vivia eu até aquele dia em que Jesus passou por nossa cidade. Com todos os meus equívocos e conhecendo a sua fama como Mestre em Israel sempre acompanhado pela multidão, fui até ele para, de alguma forma tentar preencher o vazio da minha alma.
De cara, perguntei: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna"? Ao que ele me respondeu também, imediatamente: "Por que você me chama Bom? Bom só há um que é Deus. Agora, se você quer ganhar a vida eterna, obedeça aos mandamentos."
Depois de dizer ao Mestre que nada daquilo era novidade para mim, e que desde a minha juventude eu era um fiel religioso a ponto de utilizar muito das minhas riquezas para manter o culto e também suprir as necessidades dos mais pobres, conforme preceitos religiosos observados por mim e pela minha família há muitos anos, o Mestre me disse: "Se você quer ser perfeito, vai, vende tudo o que tem e distribui o dinheiro aos pobres. Depois, venha e siga-me!"
Ah, meu amigo! Como poderia eu fazer isso? De que eu viveria a partir daí? Como poderia manter o meu "status" diante da sociedade que me considerava um homem bom? Perguntei para mim mesmo: "O que é um homem sem dinheiro no banco? Ou sem os recursos dos investimentos? Ou sem propriedades e bens de consumo?
Não! Nem de longe eu poderia pensar em me desfazer da minha riqueza. O que as pessoas pensariam de mim? Como poderia eu expandir a minha influência no meu círculo de amizades e contatos políticos? E será que as pessoas ao meu redor teriam por mim o mesmo respeito demonstrado enquanto eu tinha dinheiro nas mãos?
Não. Eu não estava disposto a viver a mesma experiência de Jó, o nosso antepassado que, enquanto tinha dinheiro e riquezas, vivia rodeado de amigos. A partir do momento em que perdeu tudo quanto tinha, inclusive todos os filhos, as únicas coisas que lhe sobraram foram três amigos que passaram a acusá-lo de ser um grande pecador, e uma mulher, sua esposa, que vivia desejando a sua morte.
De jeito nenhum! Dei as costas ao Mestre e fui embora. Estava triste e aquele conselho estragou o meu dia e a motivação do meu coração. Afinal o assim chamado grande Mestre não se deixou impressionar por mim e nem pela minha influência reconhecida por todos.
Vários anos se passaram, até que eu me convenci de que o que se passava comigo e que era responsável pelo vazio da alma, já tinha sido registrado pelo rei Davi em uma das suas composições de louvor a Deus que dizia: "...se as suas riquezas aumentam não ponham nelas o coração."
Demorei muitos anos para entender o que Jesus me disse naquele dia: "Se você quiser ser perfeito, ou, se você quiser ganhar a vida eterna, não deposite a sua confiança nas riquezas."
Ah! Como eu gostaria de voltar e dizer para o Mestre que, finalmente, havia aprendido a lição daquele dia. Mas, já era tarde, muito tarde; o Mestre fora crucificado e morto!
O fato é que eu aprendi com Jesus o valor da verdadeira vida, e que a Vida Eterna, ou seja a paz com Deus e a plena satisfação interior jamais poderão ser preenchidas com dinheiro, bens, propriedades, influência social ou poder político.
O segredo da paz com Deus é permitir que Ele ocupe no coração, pelo reconhecimento do Cristo como Redentor da humanidade, o centro das nossas atenções sem permitir que nada, absolutamente nada ocupe o seu lugar. As riquezas ou a falsa humildade, o poder ou a subserviência, o conhecimento e a razão pura e simples NÃO podem usurpar o lugar da FÉ em Jesus para se obter a Paz e o preenchimento do vazio da alma.
Por causa disso, muitos anos depois e já no futuro da modernidade existencial, um famoso escritor de nome Fiodor Dostoievski teria dito que "Existe no homem um vazio do tamanho de Deus."
E se assim é, então nada pode ocupar o lugar d'Ele no coração do Ser, afinal, Ele é Todo Poderoso, Supremo, e Seu amor é incomensurável estando à disposição de todo aquele que vier a crer pessoalmente em Jesus, o Cristo de Deus como Salvador e Senhor.
E assim, com esta esperança que é muito mais que esperança e, sim, uma grande convicção, prossigo a minha vida com a mente e o coração transformados pelo conhecimento de Jesus aguardando o dia do meu reencontro com Ele.
Desejo, sinceramente, que você desenvolva também em sua vida a mesma disposição de alma e do coração.
Deus te abençoe!
Pr. Oniel Prado
Primavera de 2021
24/10/2021
Brasília, DF