MEU DESTINO, MEU PAÍS

MEU DESTINO, MEU PAÍS

Olho para o teto e depois para o espelho e vejo que estou gasto. Não aprendi como devia, a ler, escrever e fazer contas, assim vim diminuindo minha expectativa de vida. Levanto-me, trôpego vou a sala, busco um bode, que seja espiatório e não expiatório, que me faça espiar ao que fui reduzido. Entre Folhas, Estados e Globos, encontro folhas mortas, estados falidos e globos queimando, caio de bruços e redes societárias não me suportam. Esborracho-me ao chão e viro um suco sem cor definida, mistura de verde, amarelo, azul, branco. Vermelho de raiva, busco um título de terra, encontro apenas um título de eleitor. Caminho em direção a urna (mortuária) e não deposito flores, aperto um botão e enterro o futuro que nem chegou. O presente virou pó, ergo as mãos aos céus, mas Deus sumiu, cansou e virou apátrida. Desconsolado, isolado, mal educado, mal-ajambrado, famélico, procuro auxílio, não encontro. Encontro então um salvador de almas e corpos, oferece-me uma esmola, aceito grato e ganho um santinho, a urna apita e tudo recomeça. Até quando?

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 22/10/2021
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