TER OU NÃO SER
TER OU NÃO SER
Teimou abrir, vagarosa, a porta...
E uma luz meio morta turvou-lhe a visão
A nuvem de poeira que cobria a casa inteira, ressecou-lhe as mãos
Chegou à escadaria, enquanto o suor forte escorria e passos pesados soavam
O coração comovido como nunca, pulsava!
Agora, um odor amigo, velho conhecido, agridoce exalava...
Como se fosse chá fresco, em descolorida chávena "porcelanizada"!
Onde ouvir o alarido?
Onde o som antigo e doce da flauta que um sopro entoava?
Onde a viola faceira, comovente e companheira, que a saudade abrigara?
Por que as vozes que entoavam modinhas delicadas e faceiras... calaram?
Quando os sorrisos exibidos, sutilmente contidos, foram no tempo, apagados?
Por que lágrimas comovidas,tão sentidas,agora secaram?
Que é dos seios atrevidos que, arfantes, tentavam?
Que fim tiveram os espartilhos?
Que provocavam suspiros e pensamentos inevitáveis...
E os pezinhos bailarinos que temiam assustados...
Outros pares bailando tocarem?
Quando os trajes, de elegante colorido... Desbotaram?
Por que os cabelos soltos ou prisioneiros revoltos... Desencantaram?
Onde a "galanteria"? Quando olhares diziam o que era pra negar!
Quando as almas, que vadias, se "tornavam" Poesia... Calaram?
Que foi feito dos toques na pele que arrepiavam e faziam sussurrar...Esgotaram?
Onde a delicadeza esculpida na beleza das sombras,escaparam?
Onde a melodia exarada,de encanto sonorizada no contexto vocabular?
Que foi feito do eco que perseguia gargalhadas soltas no ar?
Onde toques proibidos, sutilmente permitidos, foram se ocultar...
A lágrima que pingou agora, na amarelecida página...
Borrou dedicatória querida...
Antes que o sono chegasse...
E sem sutileza, os sonhos vedasse...
E que a saudade covarde calasse...
Cerrou a Porta da Arte...
Dormiu...
Voltando à vida!
da Costa