NA MESMA CASA, MAS SOZINHOS
Estamos em casa. Todos na mesma casa, sob o mesmo teto solar, as mesmas estrelas e não a mesma brisa, embora todos devêssemos conhecer a brisa marítima. Mesmo sabendo de tudo isso, eu não os considero irmãos. Para mim, são desconhecidos aos montes que se multiplicam como insetos em uma multidão. Eu não queria estar entre todos eles, pois não me sinto igual, nem maior, nem menor, apenas desconfortável.
Não temo a multidão, mas nela há ruídos, conversas paralelas, uma presença agitada que mais me assusta do que comove.
Lembro-me do dia que pensei ser uma mulher social. Uma mulher pronta para viver com a multidão, mas eu não sou. Eu não gosto dela, nem deles. Não desgosto também, mas não me sinto acompanhada, sinto-me incomodada-essa é a palavra!
Quando eu olho para o céu ou para a natureza ou para qualquer coisa que vive em harmonia com os seus semelhantes, que se multiplica e vive bem com isso, eu penso: "será que algum dia eu olharei para uma multidão de humanos e direi que são tão iguais que não é estranho que sejam da mesma espécie?" Eu não sei. Mas, agora, eu gostaria de não estar com tantos deles lutando contra o mesmo vírus. Queria estar com poucos deles, vivendo toda a imensidão da "casa" paraíso.