FÉ. MADRE TERESA. COMPREENSÃO DE CANDENTES DÚVIDAS.
Madre Teresa, Rainha da Misericórdia, doou-se aos desvalidos por toda a vida. Mesmo sob essa capa, adarga da máxima espiritualidade, em cartas, revelava como sentia falta de respostas de Deus. No ano de 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo."
Era a súplica para nunca ficar longe do Homem-Divino, Jesus. Ele também, o mais humilde dos homens na condição de Filho de Deus, vida doada aos homens no sangrento martírio por amor, como a grandeza do amor ao próximo de Madre Teresa.
Significativo, quem doou sua existência ao Altíssimo em suas ações de caridade, em seguimento à Escola Maior e única, é a mesma que suplica ao Cristo, visibilizar e superar barreiras da inteligência compreensiva, mas sempre rogando: “reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo”.
Quem somos nós diante de almas dessa grandeza para aquilatar nossas faltas e fraquezas com a fé? Sentir e crer com intensidade não abraça como fundamental a concretude da fé. Fosse assim a Santa não revelaria o que margeia a heresia confessional.
"Apesar de tudo" precisamos continuar sorrindo para Ele sempre!
Em 1959, destaca a relevância dessas questões que não cuidam de ritualística de engano, e realçou: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Isso é ponto de crítica pessoal na alçada de exposição; sem tergiversar. É a veia filosófica externada de forma singela, no inexatamente conhecido ou hipoteticamente desconhecido; definição em si da própria filosofia objetiva. Sentir não é concreto, mesmo que seja explicativo.
E do Nazareno obtinha sempre o sorriso através de suas obras, lavava sua remissão na caridade. Suas dúvidas se mesclavam em sua obra e no sorriso obtido. O sorriso coloquial da Santa e de Quem a resgatou para servi-Lo. Fazia da bondade o diamante da fé que brilhava nas dúvidas e se terminava em sorriso do Amado.
Disse ao Padre Neuner em carta: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a amar a escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado espiritual de sua obra', como escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que Jesus já não pode passar pela agonia - mas que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei à disposição."
Madre Tereza sofria com o Silêncio de Deus como assentado por estudiosos. A compreensão fustiga as almas quando vê a dor injusta se espalhar pelo mundo. Isso levou à sua crise espiritual iniciada nos anos cinquenta, coincidentemente, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade.
Desse passo foi acossada por grande fase de escuridão interior que findou com sua morte. Nunca, contudo, esteve longe de Deus, “mas não conseguia sentir nada", como sinalizam algumas considerações.
Na teologia mística cristã foi São João da Cruz quem adjetivou de “noite escura do espírito”, essa fase de alguns santos na caminhada para chegarem à intimidade de Deus. São João da Cruz, contemporâneo e interlocutor da mística Santa Teresa D´Avila.
Bento XVI considerando as cartas destaca que essa fase cíclica é pano de fundo para os descrentes. Creio que sem proveito, pois a santificação da nobre alma evidencia sua submissão.
Kolodiejchuk vê na postura da beata uma contrariedade diante do sentimentalismo: "A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não "sentia" o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."
A “totalidade do amor é o que sentimos”; por Jesus? Pelo próximo como Ele ensinou.Se amamos o próximo amamos Quem nos ensinou amar, esse é o grande sentimento. O amor sem ser difuso é desamor.
Prevaleceu seu sorriso, Ele foi amado e sempre sorriu através da caridade que pontilhou cada segundo de sua VIDA SANTA.