Barulho

Meus neurônios estão em guerra, é impossível ter paz com uma alma tão barulhenta.

Tento canalizar as perturbações da mente no papel, muito embora o caos cotidiano empate o fluxo de poesia. Vejo um espaço em branco, vejo uma borboleta, vejo crianças brincando, nada absorvo.

Muito passa despercebido aos meus olhos físicos e o tempo passa tão rápido que chega a ser impossível ter uma percepção real da vida. Ainda mais sabendo que vivo mais introvertida do que aparento.

Já ouvi que olhar para dentro demanda tempo, concordo, mas não compartilho do sentimento, me vejo perdida no mundo exterior, é o olhar para fora que me assusta.

A crueldade do exterior supera o barulho alarmante do âmago, embora suplique pelo silêncio, permaneço gritante, no que me toca dentro. No íntimo questiono a validade das palavras, em detrimento da preciosidade do que não é dito, mas é compreendido.

Aguardo o encontro com alguém, cuja chama seja ardente ao ponto de transparecer ao olhar, me queimando por inteiro… me deixar ser queimada.

Cabe a mim todo esse caos? Cabe em mim tamanho barulho?

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 18/10/2021
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