DOMINGO

Domingo

Domingo, fim de tarde, cheiro de segunda no ar .Costumo sentir as sestas à tarde como prenúncio de um sábado de sol, cúmplice do programa previamente feito. Então o fim de semana fica maior, cabem mais coisas dentro dele como passeios, namoro, abraços apertados, música e o anoitecer que fabrica sonhos, e a expectativa da manhã luminosa de domingo. Acho que todo mundo pensa assim e eis que a noite se recolhe para a vida continuar. A dez horas, roupas próprias para a piscina , o chapelão e o filtro solar , e toda parafernália circunstancial . Programa família, com almoço em casa na base da saudosa macarronada, frango assado em nossa cozinha, farofa de miúdos, maionese e arroz de forno, em cima da hora, justo às 13 horas. No quintal às vezes rolava uma cervejinha para os homens, um suco ou coca para as mulheres e as músicas no radinho ou na toca disco, as mais românticas possíveis. Nos sábados todo mundo é jovem, todo mundo sonha, todo mundo é feliz. Ali pelas 04 da tarde o encanto era quebrado e o domingo já se esvaindo na correnteza do amanhã . Como quarta-feira de cinzas. Rufem os tambores, recolham os blocos, guardem as fantasias despeçam de quem foi companhia e cúmplice do fim de semana porque a segunda feira chegou no bojo do domingo. Quanta saudade, quanta lembrança, quanta coisa para recordar. Quanta magia ainda havia no ar.

Hoje é domingo e o relógio denuncia as 18 horas. Nem sábado nem domingo nem resto de perfume nas roupas usadas. Apenas o tic tac do relógio que prenuncia mais uma segunda de contagem regressiva e muita saudade.

YEDA FERREIRA
Enviado por YEDA FERREIRA em 16/10/2021
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