NO FIO DO BIGODE!- O CAUSO DA MINHA PENEIRINHA

Em tempos tão bicudos, digo que esse meu texto não tem a intenção de propagandear marcas, mas sim de enaltecer A ATITUDE.

Quando eu era criança, me lembro com clareza de como A PALAVRA DADA era como uma assinatura reconhecida em cartório-e por autenticidade!- e as pessoas mais antigas -como meus tios e avós- diziam que tudo era no "fio do bigode!" -uma expressão da Língua Portuguesa, já meio perdida, que era usada para expressar CONFIANÇA no dito e no combinado.

E foi assim que, alguns meses antes da pandemia, viajando por uma cidade serrana de São Paulo, eu entrei numa dessa lojas que revendem utensílios de cozinha. Tudo ali era muito bonito.

Gosto dessas lojas porque curto cozinhar, embora seja aprendiz no ofício. Muitas tentativas e erros, mas ainda chego lá!

Até então, tinha eu uma peneirinha dessas "multiuso", já bem "cansada de guerra", feita em trama de plástico, material que não é nada higiênico na cozinha mas que me serviu durante muitos anos.

Doei a tal peneirinha e pouco depois vi o meu sonho de consumo, ali, exposto na vitrine da tal loja : uma peneira toda chiquetosa feita em ácido inoxidável por uma indústria brasileira muito conhecida entre nós.

Comprei a peça e nos primeiros dias de uso houve uma avaria, quem sabe um vício oculto: parte ínfima da tela se desprendeu do aro de metal.

Mesmo assim continuei usando o objeto mas com o tempo houve prejuízo da sua função.

Passados quase dois anos da compra, já em plena pandemia, certo dia olhei para ela ali apartada da sua missão e resolvi mandar meu causo por escrito para o "SAC" da TRAMONTINA, a marca da indústria fabricante da peça. Escrevi um livro...com todos os detalhes do ocorrido.

O SAC prontamente me respondeu.

Solicitou apenas uma foto do "logo" da marca e a nota fiscal.

Eu já não tinha a nota fiscal mas mandei a foto do "logo", da avaria e das medidas da peça.

O causo foi para a apreciação do "staff" direcionado ao consumidor.

Poucos dias depois, mesmo com o meu direito prescrito, uma nova peneirinha chegava a minha residência enviada pela indústria lá do Sul do Brasil, uma das nossas excelências industriais, a da produção de peças após a transformação do aço.

A peneira avariada foi recolhida para o processo de "engenharia reversa" para avaliação da ocorrência e controle de qualidade de produção.

Ao recebê-la eu fiquei feliz como uma criança que recebe um sorvete!

Senti que fiquei feliz pelo MEU PAÍS.

E aprendi: embora os tempos sejam bem outros a verdade vale ouro...ops, no meu caso me valeu aço!

Eu não tinha a nota fiscal...mas tenho as letras que me valeram todos os " fios do bigode" do mundo pelas palavras escritas.

Moral do ocorrido: toda a verdade é inoxidável e nunca se presta a tapar o sol com a peneira.

Nota da autora: em agradecimento à indústria.