Final de tarde num banco de praça

Sentada no banco da praça. Meus olhos começaram a percorrer cada cantinho daquele lugar. Então, comecei a observar coisas que se eu estivesse em companhia de outra pessoa, talvez nem percebesse. E seria apenas, mais um personagem compondo aquele cenário. Mas, estava sozinha, foi isso que me permitiu observar com minúcia toda a movimentação daquele final de tarde.

Um grupo de jovens conversando, outro de pessoas de mais idade jogando dominó. Vendedores oferecendo seus produtos. Mães e seus filhos passeando. Quem é mãe sabe o bem que faz levá-los para brincar nesse ambiente. Para os pequeninos é a maior diversão.

Muitos alunos passavam uniformizados, dentre eles, alguns com trajes de uma escola a qual sou ex-aluna. Duas senhoras cruzaram a praça. As mãos envolta de sacolas de supermercado. A conversa entre ambas e o riso amenizavam o peso do que carregavam.

Em meio a esse passeio ocular, permeia um jovem casal que caminhavam um ao lado do outro, olhar sério e passos lentos. Sentaram-se, porém, um distante do outro. Por alguns instantes imaginei que era o primeiro encontro deles, com aquela atitude que parecia dois estranhos conversando pela primeira vez. O que me fez lembrar a sensação do primeiro encontro. A mistura de sentimentos; dúvidas, etc. O momento de ficar frente a frente com o crush e não saber puxar assunto para começar a conversa. Assim, eles permaneciam ali, calados e olhando para direções diferentes.

Depois de algum tempo, a jovem começou a falar. O rapaz apenas ouvia. Semblante tranquilo. Na maior parte da conversa ambos nem se olhavam. Poucas vezes ele proferiu algumas palavras.

Olhando aquela cena dei um leve riso, pois o jeito do rapaz me recordou alguém que foi muito especial em minha vida. De imediato comecei a lembrar dos nossos encontros, das nossas conversas. Mas, meu devaneio foi interrompido pela presença de um homem que se aproximou de mim, dizendo que trabalhava com arte em arame, estava com pouco material e pediu uma contribuição para comprá-lo. Abrir a bolsa, retirei uma quantia e dei a ele. Em retribuição me deu um pingente.

Quando lembrei do casal. Já iam caminhando. De mãos dadas. Olhares brilhantes. Sorrisos reluzentes. E assim, sumiram do meu campo de visão.

Então, concluir que não era o primeiro encontro. Era só uma discussão de relacionamento. A famosa DR que todo casal costuma fazer. E felizmente, para aquele jovem casal acabara tudo bem.