Letras com aroma de madeira (BVIW)
Hoje a mesa de mogno amanheceu repleta de letras, sussurrando palavras, tecendo uma imagem, num tear de página e inspirando outras narrativas especiais... As pessoas permanecem aconchegadas, confortavelmente, às seis cadeiras, cada uma delas envolvida em seu mundo deixa fluir no rosto um suave sorriso.
Enquanto observo os copos com água penso nessa bem-vinda transparência e na sensação de saciedade que esse precioso líquido nos proporciona. Quanto às mesas há as que falam, outras que calam, algumas são atentas e silentes testemunhas nesses atemporais encontros... Lembro-me de pintadas mesas, em telas de Cezanne e de Van Gogh - do poético rastro d’água deixado, por um copo em uma delas.
Secular objeto, fazendo parte do dia a dia, e quem sabe a mesa que inspirou esta crônica, talvez no futuro faça parte de um acervo de um antiquário ou de uma loja com madeira de demolição? A passagem do tempo a tudo desgasta e esmaece, mas na memória guardo o brilho e o aroma de madeira, dos nós e veios, quase filigranas, das distantes mesas de infância...