O LEÃO CONSPIRADOR
O leão conspirador
Há tempos havia muita desordem e desorganização na floresta. E os animais estavam perdendo representatividade.
Quase ninguém acreditava mais neles.
Resolveu-se então convocar uma assembléia no sindicato. Essa ideia foi do senhor Elefante, do compadre Macaco e da Coruja pensante.
O Papagaio como era falante, e bom na escrita, ficou encarregado de fazer o anúncio nas rádios e nos canais de Tv, para que todos os aldeões não faltassem.
Depois de dias organizando o grande evento, chegou-se a hora, a data, o dia "D" da antológica discussão no reino animal.
Afinal, eles precisavam organiza-se para discutir meios de sofisticação da vida, na sociedade dos animais. E exigir melhorias de infraestruturas na floresta, saneamento básico, saúde, educação. -Que aliás, os seus filhos já estavam quase na idade adulta e nem sabiam ler e escrever. Alguma coisa, precisava ser feita!
Horas se passaram e muito se discutiu, debateu-se sobre os assuntos que realmente estavam em consonância com as sociedades evoluídas. Cada orador falava genuinamente bem, com discursos belíssimos, apoteóticos. Ouvindos-os, provocava arrepios, emoção. Foi assim até o final dos discursos.
Logo após os proclames, ficou então decidido em votação, que o Leão seria o escolhido para representar o reino animal, na assembleia legislativa, assumiria o cargo de deputado federal. Pois ele rugia alto, tinha guba grande, era viril, forte e imponente. Com isso, a bicharada estava em êxtase, maravilhada, alegre porque estaria representada.
No entanto, a alegria durou pouco. O Leão foi destituído do cargo, quatro meses antes de assumir a vaga na Câmara, porque a Raposa o denunciou. Acusando-o de pretender prender ministros, planejar um golpe de estado, e de querer matar o Veado por inveja, pois este era inteligente, íntegro e fiel.
Hoje, o Leão está preso, encarcerado, abandonado numa cela, e arrependido das suas ideologias fascistas. Dizem as más línguas que não ruge mais. Mia como um gato, fala fino, e anda rebolando!
Desapontada, a bicharada decidiu continuar vivendo como antes, na floresta, longe do mundo civilizado.
Carlos Alberto Barbosa.