Pessoas são mais importantes que coisas!

Preciso confessar!

Naquele dia eu pensei que poderia pôr fim ao ministério daquele galileu que andava pela Palestina, sempre seguido de um grupo de discípulos e uma pequena multidão, e que agora estava passando pela Judeia,  próximo a Jerusalém e Betânia.

Conversando com pessoas da multidão e perguntando-lhes sobre as razões práticas de o seguirem, fiquei surpreso com algumas respostas. Uma, porém, chamou-me a atenção, pois alguém me disse com todas as letras: " Ele nos ensina como alguém que tem autoridade, e não como vocês, escribas e intérpretes da Lei!"

Ora, eu sou advogado, e se alguém tem autoridade para interpretar a Lei ou, a Torá que é a Lei de Moisés, esse alguém sou eu e todos que a estudaram em nossas academias. Como pode esse galileu ensinar a multidão? Aonde ele estudou? Quem deu a ele tamanha autoridade?

Por isso, com o intuito de colocá-lo à prova e desmoralizá-lo diante da multidão, naquele dia eu me aproximei dele e lhe fiz a seguinte pergunta: "Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Ao que ele me questionou: "Você é um advogado. O que está escrito na Lei? Como você a interpreta para responder a este seu questionamento?"

De imediato eu comecei a me arrepender de haver iniciado aquele diálogo, pois percebi que o Galileu me colocara contra a parede, e isto diante da multidão que, agora, tinha todos os olhares e atenção voltados para a resposta que eu deveria dar.

Não pude me furtar a isso, e então respondi que, segundo a Lei eu deveria amar a Deus de todo o meu coração, alma, forças, entendimento, e que deveria também amar o meu próximo como eu amo a mim mesmo. Ele simplesmente disse: "Muito bem, a resposta está correta. Faze isto e viverás!"

A mim parecera que ele conseguira ler os meus pensamentos e as minhas reais intenções de lhe fazer aquela pergunta. Por isso, para não me dar por vencido e passar vergonha diante de todos, perguntei: "Quem é o meu próximo?"

Lembra do que eu disse sobre começar a me arrepender? Pois bem, veja só o que aconteceu comigo!

Pacientemente, o Nazareno se assentou e passou a ilustrar o seu ensinamento com a seguinte parábola:

Um homem fora assaltado quando voltava de Jerusalém para Jericó e os assaltantes o abandonaram à margem da estrada, muito ferido e sem os seus pertences que lhe foram roubados.

Pelo mesmo caminho passavam um sacerdote e também um levita que, vendo o homem semimorto desviaram-se dele e não lhe prestaram socorro algum.

Entretanto, descendo também pela mesma estrada veio um samaritano que, vendo o homem caído à beira do caminho, parou e prestou ao ferido todo o socorro e cuidados necessários ao seu completo restabelecimento. Levou-o a uma estalagem, fez pagamento antecipado de possíveis despesas e foi-se embora com a promessa de indenizar o hospedeiro caso este gastasse além do necessário para conclusão do tratamento.

Concluída a parábola, o Mestre virou-se novamente para mim e me fez a pergunta que eu não queria ouvir: "Qual dos três caminhantes te parece ter sido o próximo do homem ferido?"

Olhei, de um lado e também do outro, e então respondi: "Certamente foi o que usou de misericórdia para com o homem ferido!" Ele então concluiu o seu ensino dizendo e me recomendando: "Vai e procede tu de igual modo." Levantou-se, soberanamente, e passou a atender a multidão que se formara para acompanhar o episódio.

Fiquei mudo e enquanto, disfarçadamente me afastava da multidão, pus-me a pensar: Por que na estória relatada pelo Mestre o comportamento do sacerdote e do levita foram condenados ou, no mínimo, reprovados por Jesus?

Como intérprete da Lei, eu sabia e a resposta estava na Torá, segundo a qual ninguém e, em especial, nenhum líder religioso da nossa nação poderia acercar-se de um cadáver para não se contaminar e ser considerado imundo pela sociedade ou pela Ordem Religiosa. Assim determinava a Lei!

Ocorre, porém, que o homem da parábola NÃO era um cadáver. Ele estava ainda vivo quando ambos passaram por ele, à beira do caminho. Ele estava ali, moribundo, precisando dos cuidados de alguém e se o samaritano, que não tinha nenhum compromisso com a Lei, não o tivesse acudido e cuidado dele, certamente ele teria morrido.

Isto é MISERICÓRDIA, ou seja, a capacidade de alguém sentir no próprio coração a dor que invade o coração do outro. Como intérprete da Lei, lembrei-me da palavra do profeta  Oseias que registrou palavras do Eterno: " Misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos."

Foi aí que eu me dei conta do erro que havia acabado de cometer quando, agindo sem misericórdia alguma, quis afrontar o Nazareno com a intenção de destruir-lhe a reputação diante de todos. Pensei em quantas vezes eu tinha sido severo demais com as pessoas, na qualidade de advogado, obrigando-as à prática do legalismo,  inclusive religioso, para defender a mim mesmo e à minha reputação como intérprete da lei.

Descobri, naquele meu encontro com Jesus, que as pessoas sempre devem ser consideradas mais importantes do que as coisas. Descobri que a verdadeira religião NÃO é utilitarista e que eu não poderia mais interpretar a Lei observando-lhe a letra fria sem considerar-lhe o espírito nela incrustado.

A religião do "ganha-ganha ou do perde-ganha" é falsa, hipócrita, desumana e nada espiritual. O evangelho que afirma amar o próximo mas não se abre à possibilidade de CUIDAR das pessoas, não é o Evangelho de Jesus. A Igreja que passa de largo ao ver as pessoas atiradas na sarjeta por causa do preconceito religioso, ou não possui olhos para ver as necessidades espirituais e também MATERIAIS das pessoas, essa igreja não é a Igreja de Jesus.

Aprendi com Jesus, naquele dia que o sinônimo do verdadeiro amor que possui em si mesmo a marca distintiva da vida eterna é CUIDAR das pessoas por amor, do modo como Deus cuida de mim por me amar como criatura feita à sua imagem e semelhança.

Meu amigo, você acabou de ler o que Jesus ensinou na parábola do bom samaritano. Eu fui tocado por Ele e, desde então busco caminhar com Ele tendo-o sempre como companheiro, seja quando estou só ou quando me reúno à Sua Igreja constituída dos que o amam e que foram por Ele transformados.

O que acha de conhecer a Jesus, também, por experiência? Caso queira conhecer a Jesus e precise de alguma ajuda, não fique à beira do caminho. Faça contato por aqui mesmo que terei imenso prazer em te ajudar.

Crédito: Enquanto preparava esse texto, me lembrei de uma frase que se tornou bênção para mim a partir de um movimento iniciado na Igreja Batista Água Branca no bairro da Água Branca de São Paulo sob coordenação do querido Pr. Ed René Kivitz que diz, "Cuidar é o Novo Eu Te Amo."

Uma inspiração!!!

Deus te abençoe!

Pr. Oniel Prado

Primavera de 2021

10/10/2021

Brasília, DF

Oniel Prado
Enviado por Oniel Prado em 10/10/2021
Reeditado em 25/10/2021
Código do texto: T7360657
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