A VASSOURINHA
Papai chegou em casa após o trabalho, trazendo três daquelas vassourinhas, símbolos da campanha de Jânio Quadros à presidência da república. Deu uma para mamãe, outra para meu irmão Beto e a terceira para mim. Nós dois éramos adolescentes e ainda não votávamos. Imediatamente, colocamos os pequenos broches nas lapelas de nossos casacos. Sabíamos o que representavam porquê papai falava de política em casa e era, tínhamos certeza, simpatizante da UDN, votaria em Jânio Quadros naquela eleição.
Ostentamos, orgulhosos, as vassourinhas douradas em nosso peito. Ouvíamos que Jânio iria varrer a corrupção e todas as mazelas do país. Seu adversário, o Marechal Lott, que tinha como símbolo de sua campanha uma espada, não atraia nossa admiração, embora adotasse um slogan muito parecido com o de seu oponente: iria cortar o mal pela raiz, decepar a corrupção e tudo que houvesse de errado na política.
Como o restante da família, torcíamos pela eleição de Jânio e ficamos muito satisfeitos com sua vitória. Entretanto, a euforia, em pouco tempo, transformou-se em desalento. O presidente renunciou ao cargo muito antes de concluir o mandato. E, daí em diante, a história nos conta tudo em detalhes. Diziam, abertamente, que Jânio, apreciador de uns tragos, havia tomado um porre homérico e renunciado, crendo que o povo o reconduziria nos braços de volta ao palácio, pois havia vencido a eleição por uma margem muito grande de votos. Não foi o que ocorreu. De lá para cá, como eleitores, aprendemos pela experiência que, na política, tudo pode acontecer e hoje, em pleno ano de 2021, estamos vendo cenas absolutamente surreais. Eu já votei para presidente muitas vezes. Infelizmente, não posso afirmar que algo tenha melhorado substancialmente. A diferença é que, naquele tempo, éramos muito jovens e ingênuos. Hoje, não mais. Porém, me surpreendem, agora, a tenacidade e a fé com que seguimos firmes e confiantes em alguma mudança para melhor.
Papai chegou em casa após o trabalho, trazendo três daquelas vassourinhas, símbolos da campanha de Jânio Quadros à presidência da república. Deu uma para mamãe, outra para meu irmão Beto e a terceira para mim. Nós dois éramos adolescentes e ainda não votávamos. Imediatamente, colocamos os pequenos broches nas lapelas de nossos casacos. Sabíamos o que representavam porquê papai falava de política em casa e era, tínhamos certeza, simpatizante da UDN, votaria em Jânio Quadros naquela eleição.
Ostentamos, orgulhosos, as vassourinhas douradas em nosso peito. Ouvíamos que Jânio iria varrer a corrupção e todas as mazelas do país. Seu adversário, o Marechal Lott, que tinha como símbolo de sua campanha uma espada, não atraia nossa admiração, embora adotasse um slogan muito parecido com o de seu oponente: iria cortar o mal pela raiz, decepar a corrupção e tudo que houvesse de errado na política.
Como o restante da família, torcíamos pela eleição de Jânio e ficamos muito satisfeitos com sua vitória. Entretanto, a euforia, em pouco tempo, transformou-se em desalento. O presidente renunciou ao cargo muito antes de concluir o mandato. E, daí em diante, a história nos conta tudo em detalhes. Diziam, abertamente, que Jânio, apreciador de uns tragos, havia tomado um porre homérico e renunciado, crendo que o povo o reconduziria nos braços de volta ao palácio, pois havia vencido a eleição por uma margem muito grande de votos. Não foi o que ocorreu. De lá para cá, como eleitores, aprendemos pela experiência que, na política, tudo pode acontecer e hoje, em pleno ano de 2021, estamos vendo cenas absolutamente surreais. Eu já votei para presidente muitas vezes. Infelizmente, não posso afirmar que algo tenha melhorado substancialmente. A diferença é que, naquele tempo, éramos muito jovens e ingênuos. Hoje, não mais. Porém, me surpreendem, agora, a tenacidade e a fé com que seguimos firmes e confiantes em alguma mudança para melhor.