Manhã de um dia de setembro

Manhã de um dia de setembro (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

O dia mal acabara de nascer. O sol ainda ensaiava a aparecer no alto da colina. O galo cantou pela primeira vez. Algumas galinhas responderam como se estivessem uma longa conversa com ele. Mais alguns minutos, novamente ele bate as longas asas de canta.

Nos galhos de algumas árvores de ipê, manga, abacate, coqueiro e jabuticabeira, os pássaros iniciam o despertar da madrugada. Os primeiros cânticos são dos canários soletrando a mais linda e pura melodia. Um pouco mais, ouve-se o tico-tico, acompanhado da família toda, solfeja os piados em forma de sinfonia. Não se esqueça de ouvir mais um cantar do mesmo galo. As galinhas obedecem e logo descem dos galhos das árvores.

Bem mais abaixo, junto às moitas de bambus, a saracura inicia o despertar: “Quebrei três potes na cabeça do Aristóteles”. Em um longo tempo, ela repete várias vezes a mesma canção. O sabiá logo responde dizendo que: “Hoje tem chuva, Sinhá”.

O sol já solta os primeiros raios que vão em direção das longas árvores de coqueiro. Lá, construindo os ninhos, os guachos batem as asas e cantam. O tico-tico sobrevoa de um lado para o outro. Está procurando a companheira que não viu na noite anterior.

O vento balança os galhos das árvores com um pouco de força. Algumas nuvens negras estão aparecendo juntamente com a luz solar. Um forte clarão varre o céu. É sinal de chuva, mas está bem longe. Alguns macacos balançam os galhos do bambuzal e estão a caminho dos cachos de coquinhos bem perto.

Enfim, a juriti pia rapinho e é interrompida pelo forte voo do jacu, que faz muito barulho com o forte grito e o chacoalhar das longas asas. As andorinhas voam em círculo. Devem estar procurando alguns insetos para o desjejum. A seriema canta lá no alto da grota. São mais de três e entoam o mesmo tom.

Rapidamente, quatro grandes pássaros voam em baixa altitude. Eles fazem voos rasantes e bem lentos. Dão algumas voltas em torno da construção e rapidamente pousam na copa da grande árvore, bem próxima do córrego.

No jardim, as abelhas se aproximam. Ecoando o zumbido, elas vão aos poucos coletando o grandioso néctar das flores, que na noite anterior receberam alguns pingos da chuva. Fazem sociedade com o beija-flor, que rapidamente voa por várias flores. O besouro mangava lentamente sai da toca próxima ao jardim. Fazendo um forte chiado, ele aos poucos decola para alguma jornada. As vespas voam em fila. Recentemente, elas construíram uma nova morada no galho do abacateiro e darão muito trabalho para o colhedor nos próximos meses.

Mais pássaros voam por todos os lados. Uns buscam insetos para alimentar. Outros estão à procura de um local para construção do ninho.

O poeta, então, traça vários versos em homenagem a alguma manhã do mês de setembro.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 02/10/2021
Código do texto: T7354819
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