Licor de café

Agora, ao final da tarde, um amigo me ofereceu um licor de café que ele fez. Muito bom, ainda mais para quem, como eu, aprecia café e licor. Usou café - obviamente -, cachaça cristalina, canela, baunilha e mais algumas coisas que me disse, mas que já esqueci. Levou dois meses fazendo e se baseou numa receita portuguesa.

Bebemos pequenas doses sentados no deque na frente da casa dele, que possui um pátio grande e dá de frente para o sol poente. Presenteou-me com uma camisa do Grêmio de sua coleção. Conversamos sobre as coisas da vida e aproveitamos o arrebol. Um grande momento, um bom dia. Valeu a pena.

Não controlamos, de fato, as grandes coisas da vida, por mais que a planejemos. Eis a pandemia aí para nos mostrar isso de uma maneira mais ampla, coletiva, a força do imponderável. Especificamente, nós e os nossos passamos por situações que, por vezes, fogem de nossos desejos e planejamentos. Questões, frequentemente, de vida e de morte.

Podemos planejar um licor de café e decidir tomá-lo num final de tarde no primeiro dia de outubro, observando tranquilamente o sol primaveril se recolher no céu. Não podemos ir à Arena, mas dar camisas do Grêmio aos amigos gremistas podemos. Então aproveitemos o que nos é possível nesse plano físico. A vida é uma bela passagem imponderável.