O ESTRESSADO E O POETA

Uma mulher saiu pelas ruas da cidade

Depois de andar um pouco

Ela encontrou pela calçada

Um homem desconhecido

Que vinha em sentido oposto

E que estava bastante estressado.

A mulher então tentou ali

Desviar-se do homem

Mas só que ao fazer o movimento de lado

O homem também foi na mesma direção

Ela então foi para o outro lado

Mas o homem novamente

Fez o mesmo movimento que ela.

Só na terceira tentativa

É que ambos conseguiram

Fazer movimentos opostos

Desviando-se assim um do outro.

O homem por sua vez

Bastante sisudo

Acre

E na sua aridez

Olhou para ela

E com truculência

Em tom agressivo

Disse-lhe então:

“Sai da minha frente

Não ver que você

Só está me atrapalhando ?"

E saiu dali resmungando.

A mulher seguiu viagem

E um pouco mais à frente

Ela encontrou outro homem

E que, coincidentemente

Aconteceu a mesma coisa

Ou seja

Quando um foi para o lado

O outro foi junto

E vice-versa.

A mulher então

Meio que traumatizada

Pela maneira truculenta

Que havia sido tratada antes

Pelo homem estressado

Já se preparou para o pior.

Porém ela não sabia

Que ali

Diante de si

Havia mesmo um poeta.

E este tinha sensibilidade

Amabilidade

Espiritualidade

Poesia...

E leveza na alma.

E então ele olhou nos olhos dela

Abriu um sorriso generoso

E, afetuosa e poeticamente

Com a sensibilidade

E a delicadeza de um poeta

Então lhe disse:

“A você o meu muito obrigado

Por mesmo sem termos combinado

Nem tampouco ensaiado

Você ter dançado...

Comigo neste dia !”