O Menino e o Aniversário de Amambai

Bom dia.

Quando menino, naquela singela morada feita de tábuas de peróba e pintada à base de tinta óleo nas cores azul e rosa, amanhecia eu, entusiasmo com o que viria naquele dia cívico.

Era o aniversário daquela terra que eu vivia.

Era tudo muito simples, mas tinha um clima de festa e de revelação.

O desfile de logo mais permitia-me fazer uso de um uniforme tão bem trabalhado por minha mãe.

A Escola Paroquial, pelas mãos de uma artista de nome Maria Silvia tinha preparado um desfile inesquecível.

Era hora de reverenciar nosso torrão Natal.

A fanfarra já estava chegando e ouvia seus toques apressados e ainda em descompasso pelo acionar rápido do som de seus surdos.

Um som ainda estridente e sem notas dos instrumentos de sopro.

Ainda não era hora de sincronia e nem de sinfonia de notas. Os componentes ainda estavam avulsos e sem companhia do maestro Arnaldo Sória.

Eu me emocionava com aquilo. Era o anúncio de algo muito importante que, dali uma horas, estaria brilhando na Av Pedro Manvailler perante os aplausos de muita gente e de autoridades devidamente inslataladas pela municipalidade em um palco improvisado.

Eu, no meu embalo de um menino de tenra idade via-me tomado por um frisson desconhecido.

Meu coração não parava de bater bem forte no meu peito.

Acho que era orgulho. Naquele dia eu ia me sentir no estrelato!

O êxtase de um povo era representado por mais ano de comemoração desse aniversário.

Amambai vibrava com o dia de sua emancipação.

À tarde tinha um jogão de bola. O Milionários estaria recebendo nada mais nada menos que o Cerro Portenho no Estádio Municipal.

Que alegria, meu Deus! - pensava eu.

Só o desfile já seria a glória. Mas, depois ainda tinha essa emoção de ver meu time do coração enfrentar um gigante do futebol fronteiriço.

Tantas emoções! como diria o astro da Jovem Guarda o grande Roberto Carlos.

No apagar das luzes desse dia maravilhoso e de glórias lá ia eu pra cama cansado e extasiado!

Estava infinitamente feliz pra um único ser humano sobre a terra.

Aí dormia como se fosse um desmaio de felicidades!

Machadinho
Enviado por Machadinho em 28/09/2021
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