ASSUSTADORA (história verdadeira)
Hoje ao final da tarde como de costume caminhando ao redor da casa fui até o galinheiro. Tratei as gatas, as tartarugas, o Maneco, meu cão da raça “border lata”. Recolhi a roupa no varal. A brisa movia as folhas das árvores e o cheiro do amaciante das roupas secas se misturando aos Manacás floridos, aos lírios brancos e rosados exalavam forte perfume invadindo as janelas e portas. A casa estava perfumada com a misturas naturais das essências florais do mato.
Enfim, é Primavera!
Passei pela horta, os repolhos já quase prontos, gigantes... Cortei um ramo de alecrim para colocar na garrafinha com água... O perfume da laranjeira em florescência estava muito forte e maravilhoso.
Então, me dirigi ao portão, as Camélias caindo amadurecidas formando um tapete cor-de-rosa e as abelhas se deleitando com o pólen dos minúsculos botões da flores dos limoeiros e caqueiros.
Abaixo da árvore das Camélias a galinha pintadinha (poá) tadinha, numa gaiola afastada das outras galinhas que não gostam dela e já arrancaram algumas penas. Preciso alimentá-la com um pouco de capim verde fresquinho porque o solo está pelado.
Ao pé da muda do pessegueiro o capim estava viçoso, mas, não era possível chegar até ele. Parei. Dei dois pequenos passos para trás, lentamente...
Entre os limoeiros estava ela. Preta, com as patas encolhidas pendurada no centro da enorme teia espreitando sua presa e, óbvio que não era eu. Respirei fundo, lembrei que um tempo atrás quase morria de “Aracnofobia”. Fiquei ali parada por uns minutos admirando aquela cena espetacular e pensei: “Se fosse noutros tempos, pegaria um pau arrancaria a teia, matava a aranha e seguia, mas, agora, tão linda aquela teia, nunca... nunca, jamais, faria uma maldade dessas.”
Rebusquei a coragem me afastando devagar, desviando dos pés de frutas. Alcancei o pessegueiro, arranquei o capim e vi a galinha saltitante me esperando...
Enquanto retornava para alcançá-la com passos largos, rápidos e olhar fincado ao chão para não pisar em nenhuma cobra coral, aconteceu o pior de todos os desastres...
Meu rosto, cabelos, olhos estavam enrolados na teia da Aranha. Joguei o capim no chão, enquanto minha mão tentava me livrar daquele enredo todo imaginava ela caminhando na minha cabeça. Quase desmaiei, até que a vi descendo por um pedaço de teia que estava pendurado e grudado na minha mão...
Tremendo, tratei a Poazinha e entrei. Depois de um tempo refletindo calmamente, mas, ainda triste e contrariada, falei:
– Como sou “tansa”!!!!!!