Os MeDoS e as pEÇaS (invasão da psique)

Não falamos aqui dos receios (ou medos) que foram naturalmente instalados no ser humano, como o medo de cair — que faz com que aprendamos a nos equilibrar em duas pernas.

Não falamos do medo de tomarmos uma decisão errônea, que ponha em risco pessoas ou projetos de vida.

Não estamos falando da precaução segura de trancarmos bem portas e janelas, que é um saudável receio do risco de termos nossas propriedades (por humildes que sejamos) invadidas por parasitários da ideologia ou por assaltantes.

Não estamos falando do receio (ou medo preventivo) de prestarmos atenção aos eventuais vazamentos de gás na cozinha ou de cuidarmos dos pneus de carros, motos e bicicletas.

Não estamos falando do medo saudável de sermos assaltados (através dos impostos e tributações) por políticos que se utilizam de uma gama enorme de impostos não revertidos em serviços e coberturas essenciais para a comunidade.

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Poderíamos elencar vários outros medos ou receios justos, racionais... fundados.

Porém, agora estaremos falando dos medos mórbidos, dos improváveis receios compulsivos que provocam paralisia nas nossas ações:

— o medo de se tentar uma ideia nova e notadamente bem elaborada;

— o medo de conhecermos novas pessoas, após a ocorrência de um caso de solidão, agarrando-nos exageradamente à ideia do “antes só” e sem buscarmos outros novos parâmetros para entendermos onde houve o erro anterior;

— o medo de se defender uma ideia que nos pareça racional, mas que não se harmonize com as visões de um grupo barulhento;

— o medo de se experimentar um sentido mais ameno e menos alarmante de encararmos nossa passagem pela vida, exagerando e levando tudo para o campo do “só pode ser castigo”;

— o medo de parecermos fracos, caso voltemos atrás numa ideia que claramente já nos prejudicou e a outros;

— o medo de que o nosso cérebro seja incapaz de enfrentar novos aprendizados que nos preencham a vida;

— o medo intimidador de sabermos que outras pessoas prefeririam nos ver fracassados para que pudessem nos medir por sua própria régua.

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Conforme já ficou óbvio, considero mórbido (prejudicial) este segundo último grupo de medos.

Há uma outra infinidade de medos que poderiam ser alinhados aos dois grupos acima, que seriam talvez peças fundamentais para entendermos a amargura de muita gente que passa pela vida culpando os outros por seus próprios limites imaginariamente colocados.

Ou, às vezes, muitos são levados a um ceticismo que lhes traga uma sensação de esperteza... ou de que são gatos escaldados.

Mas, avaliando o ditado popular “gato escaldado tem MEDO de água fria”, fica a pergunta: será que de fato precisamos nos comparar a um bicho que passa boa parte do tempo se lambendo?

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Da série: “Dois medos e duas lambidas”