Primavera, sem algumas flores
O inverno vinha lavando a natureza, mesmo faltando água aqui e acolá, ele deu de beber a muitos jardins, fazendo com que brotassem folhas e flores, também nas ladeiras das montanhas, nas margens dos rios e lagos, florindo e encantando de beleza as planícies de maravilhosas cores sobre o verde. Ele, Akira Kurosawa, é mestre em fazer filme com essas maravilhosas cores, sempre enfeitados com as cerejeiras do seu Sonhos. O meu amigo Carlos Romero me lembrava o primeiro dia da Primavera, sorrindo: “Escrevo eu ou você?” Assim dizia ele que não se deve deixar a Primavera sem crônica. E eu completava: é a única estação feminina, cercada pelo inverno, pelo outono e pelo verão; seria a deusa das estações, que mexe com a água, com a terra e com o ar, proporcionando-nos uma brisa de temperatura mediana, suave, amena para não se derrubarem as pétalas das flores, a que se refere o poeta Verlaine: “Pois na primavera o ar é puro, tão puro como as rosas nascentes, que expressamente amor entreabre, têm hálitos quase inocentes”.
Torna lindo o espaço e confunde-se com o tempo, quem já não ouviu perguntar-se ao aniversariante: “Está fazendo quantas primaveras?” Obviamente, todos nós desfrutamos das quatro estações, mas cada um tem suas preferências: uns querem a chuva para suas lavouras; outros preferem o sol das praias e das leves roupas; mas, o desejo consensual recai na Primavera, diferenciada em suas vestes, entre o hemisfério norte e sul, com os fenômenos, respectivamente, da “primavera boreal” e da “primavera austral”. Experimentei os anos de estada em Roma e Paris, para, de lá, diferenciar os vislumbres dessa amada estação, na conduta de várias culturas. Todas elas louvando e meditando, na Primavera, com As Quatro Estações, inspirada pelo italiano padre Antonio Vivaldi, e “A Sagração da Primavera”, pelo surpreendente russo Igor Stravinsky. Vários famosos pintores, a exemplo de Van Gogh e Sandro Boticelli, retrataram cores vernais.
Vi, antes de ontem, no meu ecológico condomínio, dois casais de “canário da terra”, fisgando sementes no gramado do meu jardim; anunciavam-me essa gostosa estação, de quando aumentarão suas presenças no desenrolar dos vindouros meses. Flores e folhas novas na minha mangueira rosarí bem florida e com nova folhagem. A primavera das flores é complementada pelos pássaros. Recentemente, com o retorno às salas de aula, iniciado pelo Governo do Estado, as professoras ensinaram, aos pupilos, que a Primavera começa no nosso hemisfério, no dia 22 de setembro.
Hoje, dois dias após seu nascimento, ela já está de olhos abertos, iniciando também um novo período de congraçamento social para esquecermos a primavera sem algumas flores, os isolamentos, o túnel escuro da pandemia misturando sextas, sábados, domingos, segundas, e talvez dias santos. Programemos, nessa curta estação, o nosso carpe diem, a Primavera não é para ser vista da janela, mas dentro da expansiva natureza primaveril, até ela entregar-se aos braços quentes do verão. Além do calor do verão, o que haverá de bom serão os jardins que sobraram da Primavera, dessa festa gratuita. Não percamo-la, mesmo sempre desejando promissoras primaveras. Esse deleite sazonal é de tão tamanha força que o grande poeta alemão Schiller se referiu a ela, por analogia, como uma coisa única na nossa existência: “A primavera da vida floresce uma vez e nunca mais”.
O inverno vinha lavando a natureza, mesmo faltando água aqui e acolá, ele deu de beber a muitos jardins, fazendo com que brotassem folhas e flores, também nas ladeiras das montanhas, nas margens dos rios e lagos, florindo e encantando de beleza as planícies de maravilhosas cores sobre o verde. Ele, Akira Kurosawa, é mestre em fazer filme com essas maravilhosas cores, sempre enfeitados com as cerejeiras do seu Sonhos. O meu amigo Carlos Romero me lembrava o primeiro dia da Primavera, sorrindo: “Escrevo eu ou você?” Assim dizia ele que não se deve deixar a Primavera sem crônica. E eu completava: é a única estação feminina, cercada pelo inverno, pelo outono e pelo verão; seria a deusa das estações, que mexe com a água, com a terra e com o ar, proporcionando-nos uma brisa de temperatura mediana, suave, amena para não se derrubarem as pétalas das flores, a que se refere o poeta Verlaine: “Pois na primavera o ar é puro, tão puro como as rosas nascentes, que expressamente amor entreabre, têm hálitos quase inocentes”.
Torna lindo o espaço e confunde-se com o tempo, quem já não ouviu perguntar-se ao aniversariante: “Está fazendo quantas primaveras?” Obviamente, todos nós desfrutamos das quatro estações, mas cada um tem suas preferências: uns querem a chuva para suas lavouras; outros preferem o sol das praias e das leves roupas; mas, o desejo consensual recai na Primavera, diferenciada em suas vestes, entre o hemisfério norte e sul, com os fenômenos, respectivamente, da “primavera boreal” e da “primavera austral”. Experimentei os anos de estada em Roma e Paris, para, de lá, diferenciar os vislumbres dessa amada estação, na conduta de várias culturas. Todas elas louvando e meditando, na Primavera, com As Quatro Estações, inspirada pelo italiano padre Antonio Vivaldi, e “A Sagração da Primavera”, pelo surpreendente russo Igor Stravinsky. Vários famosos pintores, a exemplo de Van Gogh e Sandro Boticelli, retrataram cores vernais.
Vi, antes de ontem, no meu ecológico condomínio, dois casais de “canário da terra”, fisgando sementes no gramado do meu jardim; anunciavam-me essa gostosa estação, de quando aumentarão suas presenças no desenrolar dos vindouros meses. Flores e folhas novas na minha mangueira rosarí bem florida e com nova folhagem. A primavera das flores é complementada pelos pássaros. Recentemente, com o retorno às salas de aula, iniciado pelo Governo do Estado, as professoras ensinaram, aos pupilos, que a Primavera começa no nosso hemisfério, no dia 22 de setembro.
Hoje, dois dias após seu nascimento, ela já está de olhos abertos, iniciando também um novo período de congraçamento social para esquecermos a primavera sem algumas flores, os isolamentos, o túnel escuro da pandemia misturando sextas, sábados, domingos, segundas, e talvez dias santos. Programemos, nessa curta estação, o nosso carpe diem, a Primavera não é para ser vista da janela, mas dentro da expansiva natureza primaveril, até ela entregar-se aos braços quentes do verão. Além do calor do verão, o que haverá de bom serão os jardins que sobraram da Primavera, dessa festa gratuita. Não percamo-la, mesmo sempre desejando promissoras primaveras. Esse deleite sazonal é de tão tamanha força que o grande poeta alemão Schiller se referiu a ela, por analogia, como uma coisa única na nossa existência: “A primavera da vida floresce uma vez e nunca mais”.