Música na Minha Juventude
Você foi daquelas adolescentes que tentavam cantar em
Inglês as músicas dos Beatles? Eu fui. E o que você fazia quando não entendia? Improvisava, inventava? Eu também.
Você costumava passar horas ouvindo uma canção no gravador numa tentativa desesperada de entender a música para escrever a letra certinha? Eu sei bem o que é isso. Mas será que um dia você descobriu que há tempo vinha cantando tudo errado? Pois é, que mico, hein! Fazer o quê? Já passou.
E quanto aos Festivais da Canção? Meu Deus! Me dá um frio na barriga quando as pessoas mencionam esses eventos. Tem sempre aquela turma antenada com a Música Popular Brasileira que dá um banho de conhecimento sobre o assunto. É um tal de citar nomes e datas com uma precisão impressionante. Por exemplo, em 68 a música “Sabiá” de Tom Jobim e Chico Buarque ganhou a fase Nacional e Internacional do Festival. Em 69 o mesmo aconteceu com “Cantiga por Luciana”, de Paulo Tapajós e Edmundo Souto, na voz de Evinha. No entanto, EU não me lembro de nada disso. Minhas lembranças são outras, talvez até um pouco bizarras.
Eu me recordo de que, em 68, o cantor francês Antoine, adaptou a música “La Vie Est Moche” para o Português e o refrão da canção ficou famoso: “Ai,ai,ai. A vida é bela/ Quer chova, quer faça sol/ Ai, ai, ai. Domingo vou ver/ um bom jogo de futebol.” Mas o ponto alto da participação do francês no III FIC foi quando, no final da música, ele abriu o paletó e o publico pôde ver o que ele usava por baixo - a camisa oficial do Flamengo! Aí ele cantava “Flamengo, Flamengo!” e a galera ia ao delírio. Você pode pensar que essa memória é preciosa para mim porque sou flamenguista doente. Errou, colega! Sou tricolor, mas que o episódio foi de arrepiar, isso foi.
E em 1969? Bem... nesse ano eu me apaixonei pelo cantor inglês Malcolm Roberts. Acho que ele me lembrava o Robert Redford. Era alto, bonitão, usava um smoking branco e cantava “Love is All.” Coitado, foi injustiçado! Ficou em terceiro lugar! Lembro de ter chorado e xingado baixinho. Xingar baixinho, Beth?! Como assim? É claro, porque senão meus pais iam desligar a TV e me por de castigo por estar berrando depois das dez da noite. Fiquei com pena do Malcolm. Ganhou apenas o prêmio de melhor intérprete, porém ao cantar novamente, foi ovacionado pelo público do ginásio do Maracanãzinho.
O ano de 1970 foi inesquecível. Tony Tornado subiu ao palco e cantou “BR-3”, acompanhado do Trio Ternura. Aquele negro alto, estiloso e fazendo uma coreografia cheia de "swing" foi um marco revolucionário para a época. O ritmo da “soul music” era diferente. Era jovem, dançante e arrebatou os espectadores do festival. A partir dali Tony Tornado tornou-se uma celebridade e as revistas de fofoca passaram a falar do envolvimento dele com a Arlete Salles.
Sabe a conclusão que cheguei após essa sessão nostalgia? É que já naquela época eu curtia mais fofocas do que MPB.