COMPLEXOS (2021) (1): O mundo humano...
Em síntese, ou em última análise – se é que se pode chegar a uma última análise – o mundo sempre existiu. Considera-se, aqui, mundo os movimentos ou eventos/elementos primários, a essência, necessários para a formação dos eventos, dos fatos e dos fenômenos que ocorrem ou se formam no mundo que vemos ou interpretamos como realidade. Humanos, não somos o mundo, somos um evento no mundo.
Analisando-se em separado e afastado de qualquer transcendência, portanto também, de qualquer realidade metafísica (religião, espiritualidade, céu ou inferno) os humanos são um fenômeno e ao mesmo tempo evento que PODE ser analisado e comparado com qualquer outro presente no mundo. Exemplo: pássaros, peixes, árvores, chuva, vento, e todos os outros. Somos feitos dos mesmos elementos.
Com isso, gosto de pensar os humanos como um evento que em algum momento apareceu ou se formou e em algum lugar também desaparecerá ou se desintegrará, voltando aos elementos primários.
Claro, isso são especulações possíveis a partir do mundo do discurso. No mundo dos movimentos reais não sabemos como um fenômeno tão complexo como homem e mulher (racionais) se originaram. Penso que nunca saberemos, pois nosso conhecimento é uma invenção, não é real, está baseado em uma aproximação ou interpretação do que seria o mundo real.
Apesar do conhecimento ser uma invenção humana ele nos permite elaborar realidades que nenhum outro ser – até hoje conhecido – é capaz de elaborar. Esse fato, analisado do ponto de vista das vantagens sobre o Real, leva à conclusão que temos: primeiro, uma extraordinária vantagem sobre as demais espécies e, também, a princípio, sobre a Natureza; segundo, o que chamamos de inteligência (prefiro racionalidade) permite especular que temos um domínio sobre os movimentos, eventos, fatos do mundo, o que nos permitiria pensar na possibilidade concreta de ser feliz entre os demais e com os demais.
Mas não somos. Pelo contrário, quanto mais avançamos em evolução, tanto racional como tecnológica, parece, que mais cruéis nos tornamos em relação ao nosso semelhante e em relação à Natureza. E isso não é só uma constatação a partir de pessoas que exploram trabalhadores, políticos que submetem populações à escravidão ideológica, religiões que ritualizam mentes humanas em massa..., isso está em cada ser humano. Todos somos cruéis uns com os outros, cada um à sua maneira. Basta analisar à luz dos critérios humanos.
Portanto, humanos somos porque elaboramos critérios que afirmam que para ser humano precisamos seguir estes critérios. Além dos critérios escritos e documentados que indicam como e o que fazer para ser humano, há os que não estão escritos em algum documento, mas estão inscritos na própria natureza de cada ser. Ambos, escritos e inscritos, não respeitamos. Não seguimos. Mas defendemos como ideias. E até... há os que brigam que são humanos e respeitam as regras humanas. A maior parte de todos os humanos, tem pouco de humano, de fato. Eu também.
E... todos sabemos quais critérios são esses. Mas fingimos não saber. E pensando bem... para eu ter e usufruir o que tenho, melhor mesmo é não pensar. Dividindo o que tenho com quem não tem vai me desestruturar, desacomodar, desconfortar... melhor não.
EU SOU HUMANO!!!
Pensamentos em movimento...
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Professor PP, 220921