Areia da ampulheta

Meu antigo carro

Minha antiga casa

A antiga rua pela qual sempre passava

A velha nostalgia que nunca falta

Aquela falta que sempre falta

A rua molhada

O cheiro da chuva

A caminhada apressada

A chuva que cai

inevitavelmente te molha

Mais um dia passando

Mais alguns grãos de areia que escorre pela ampulheta

Ou uma gota que cai pela conta gotas que é a vida

Aí a gente se dá conta

Do que realmente importa

Não é as coisas do trabalho que você só faz para ganhar dinheiro e comprar as coisas que você acha que precisa comprar

Não é o material, o tangível

Mais do que isso,

É invisível

É o abraço

A mão que você segura

O cheiro do lençol

O vento que entra pela janela

O café

E tantas outras coisas que lhe trazem paz

Mas que não te cabem mais

Não lhe serve mais

Como aquela sua velha camisa, que você gostava tanto.

Ela ainda te serve, ela ainda fica bem em você.

No entanto, você não se sente mais bem com ela.

Aí você pensa: “nossa gostava tanto dessa camisa”

E é assim

Você faz coisas que dizia que não iria fazer

Como fumar um cigarro

Passar noite em claro

E mais uma vez se arrepender

E errar

E aprender

E errar de novo

Como um ciclo sem fim

E ainda vai morrer e dizer:

- havia tanto amor dentro de mim

Brenner Vasconcelos Alves
Enviado por Brenner Vasconcelos Alves em 21/09/2021
Reeditado em 21/09/2021
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